Domingo, 28 de Outubro de 2007

Os Justos das Nações


No discurso de Avner Shalev, presidente do Yad Vashem, Museu do Holocausto de Jerusalém na entrega do Prémio Príncipe da Astúrias da Paz 2007, este afirma que o galardão representa «a vitória da tolerância sobre o racismo, do bem sobre o mal».
(...)
Durante a viagem de Jerusalém a Oviedo, o nosso avião avião sobrevoou a Europa, onde foram assassinados sistematicamente seis milhões dos meus irmãos e irmãs. As suas vidas foram retiradas, a totalidade do seu legado, das suas obras e cultura destruídos.

Tudo, principalmente por causa de uma ideologia racista destrutiva baseada no ódio aos judeus e no anti-semitismo. Creou-se uma nova realidade sem precedentes na história da humanidade. O estudo do Holocausto dá sentido às palavras de Elie Wiesel: «Nem todas as vítimas eram judias, mas todo o juedeu era vítima».

Seis milhões de assassinados. Um número inconcebível. No entanto, a nossa obrigação humana é tentar concebê-la. Quando decomponho a cifra dos «seis milhões» converto-a no meu avô, na minha avó da Polónia, nos meus tios e tias e nos seus filhos pequenos, pessoas de verdade, de carne e osso, que nunca conheci e que nunca conhecerei e é aí que começo a conceber a magnitude da perda.
(...)

ler integralmente em espanhol ou em galego.
publicado por MJ às 15:50
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Quarta-feira, 3 de Outubro de 2007

Um oficial do Exército alemão que salvou centenas de judeus

A história do major Karl Plagge é parecida com aquela retratada no filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg. Ela foi descoberta por um médico americano, Michael Good, que em 1999 começou a investigar quem tinha sido o nazi que salvou a sua mãe.

Plagge abrigou cerca de 1.200 judeus numa oficina mecânica, salvando-os da morte. A restante da população do gueto de Vilnius foi exterminada na Segunda Guerra.

O major alemão, que morreu em 1957, foi homenageado no Memorial Yad Vashem, o museu do Holocausto de Jerusalém.


Facto raro

O director do Yad Vashem, Avner Shalev, disse à BBC que é um acontecimento raro o museu conceder a um alemão que participou da máquina de guerra nazi o título de "Righteous Among the Nations" (Justo das Nações).

"Ele pedia cada vez mais trabalhadores (para a oficina) e fez tudo o que podia para manter as condições relativamente mais humanas", afirmou Shalev.

Plagge, serviu em Vilnius entre Junho de 1941 e Junho de 1944, onde dirigia uma oficina onde eram consertados os veículos militares alemães.

O diploma e a medalha do museu do Holocausto foram entregues ao professor Johann-Dietrich Woerner, presidente da Universidade Técnica de Darmstadt, onde Plagge estudou.

Michael Good e os seus pais estavam presentes na cerimónia, assim como cerca de 30 outros sobreviventes que foram ajudados pelo oficial alemão.

"Passei muito tempo obcecado na minha busca, aprendendo muito sobre ele e procurando que ele fosse reconhecido pelo que fez", disse Good.

A investigação foi difícil, já que o médico americano teve de juntar testemunhos de sobreviventes espalhados por todo o mundo.

Avner Shalev contou que uma das principais cartas de Plagge ao alto comando militar alemão foi descoberta recentemente nos arquivos.

"Queríamos ter certeza de que ele não tinha cometido crimes contra a humanidade, por isso é que levou tanto tempo (para a homenagem). Todos os sobreviventes disseram que ele salvou as suas vidas", disse Shalev.


Famílias unidas

O director do museu afirmou que, dos 1200 trabalhadores judeus protegidos pelo major alemão, 500 eram homens e o restante, mulheres e crianças.

Plagge disse aos seus superiores que manter as famílias judias unidas motivava os trabalhadores a render mais – uma posição que contrariava a política das tropas nazis.

Quando os soviéticos se aproximavam da capital lituana e o extermínio dos judeus foi acelerado pelos nazis, Plagge contou aos trabalhadores o que estava acontecendo, permitindo que centenas de judeus fugissem antes que fosse tarde demais.

Plagge entrou para uma lista de 20.757 homens e mulheres homenageados pelo Yad Vashem por terem salvado judeus durante a Segunda Guerra.

Há apenas 410 alemães na lista, dos quais muito poucos eram militares.

Uma das figuras ilustres da lista é Oskar Schindler, que também salvou cerca de 1200 judeus que trabalhavam na fábrica de munições que ele controlava – a história, parecida com a do major Plagge, foi retratada em A Lista de Schindler, de Steven Spielberg.

publicado por MJ às 18:16
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Sábado, 29 de Setembro de 2007

Yad Vashem distinguido na Europa

No próximo dia 25 de Outubro, o presidente do comité director do Yad Vashem será condecorado com a Legião de Honra pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy. No dia seguinte voa para Espanha para receber o Prémio Concórdia outorgado pela Fundação Príncipe das Astúrias.

Na cerimónia que ocorrerá no Eliseu será honrada «a pessoa que fez do Yad Vashem um local de renome, de troca mútua intergeracional para os jovens de todos os horizontes e de todas as culturas».

«Esta prestigiosa distinção é concedida pelo extraordinário trabalho desenvolvido em todo o mundo a favor da transmissão da memória do Holocausto» está escrito na carta enviada a A. Shalev pelo presidente francês.

«Para além do facto de exprimirem reconhecimento pelo trabalho realizado pelo Yad Vashem através do mundo, estes prestigiantes prémios internacionais mostram que a memória do Holocausto tem um profundo significado para a compreensão e a coexistência entre as famílias das nações, hoje e através dos tempos», afirmou A. Shalev justificando estas distinções honoríficas.

Nomeado para a direcção do Yad Vashem em 1993, A. Shalev, desde que assumiu funções, tentou redefinir a noção de perpetuação da lembrança do Holocausto introduzindo conceitos inovadores no domínio da pesquisa e da educação.

Este trabalho levou à criação da Escola Internacional de Estudos sobre o Holocausto, o desenvolvimento do Fundo de arquivos e, evidentemente, a abertura do novo museu em 2005.

Acreditando que a transmissão da memória do Holocausto não conhece fronteiras políticas nem barreiras linguísticas, Avner Shalev inaugurou em Janeiro de 2007 o novo sítio virtual em farsi do Yad Vashem, na mesma ocasião em que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad fazia declarações negacionistas.

Esta audaciosa iniciativa demonstrou, caso fosse necessário, o dinamismo e o espírito de abertura do responsável do Yad Vashem.

publicado por MJ às 19:41
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