Quarta-feira, 23 de Maio de 2007
Quando há alguns dias falei do caso Eduardo “Lalo” Martínez Alonso lamentei não haver um projecto cinematográfico ligado à vida e obra de Aristides Sousa Mendes. Afinal havia e o blogue Amigos de Aristides e Angelina Sousa Mendes já tinha dado a informação há 3 dias:
e também
Domingo, 20 de Maio de 2007
Apelamos aos leitores deste blogue que tenham visitado os campos de extermínio nazis para que nos façam chegar o seu testemunho e/ou imagens que tenham recolhido no local.
Terça-feira, 8 de Maio de 2007
No dia em que se comemora mais um aniversário sobre o final da II Guerra Mundial recordemos a resistência interna alemã ao nazismo que apesar de escassa e praticamente ineficaz merece uma referência especial pela coragem e empenho de uma minoria que tentou mudar o rumo dos acontecimentos e alertar os seus concidadãos para o apocalipse a que o nazismo conduzia.
O novo cinema alemão tem vindo a abordar mais descomplexadamente a temática da II Guerra Mundial e Sophie Scholl – Os Últimos Dias é interessante do ponto de vista documental ao contar a história dos últimos cinco dias que antecederam à morte da jovem Sophie Scholl, estudante, activista e membro do grupo da resistência conhecido como Weisse Rose (Rosa Branca), criado durante a Segunda Guerra Mundial.
Munique, 1943: Hitler está a devastar a Europa; um grupo de jovens universitários recorrem à resistência passiva como arma para combater os nazis e a sua desumana máquina de guerra. É então que se forma o movimento de Resistência Rosa Branca.
Sophie Scholl (Julia Jentsch) é a única mulher do grupo. Em 18 de Fevereiro Sophie e Hans Scholl (Fabian Hinrichs) são surpreendidos a distribuir panfletos contra o regime e os dois são detidos pela Gestapo. Pouco tempo depois são presos os restantes membros do grupo.
Nos dias que se seguem desenvolve-se um intenso duelo psicológico no interrogatório de Sophie com o oficial Mohr (Alexander Held) da Gestapo. Ela mente e nega, desesperada por proteger o seu irmão e os restantes companheiros. Mohr oferece uma saída a Sophie para escapar à morte, mas ela recusa-se a trair os seus ideais. A partir do momento em que fica a saber que o irmão confessou tudo, Sophie deixa de mentir. “Eu fiz tudo… e orgulho-me disso”.
Em 22 de Fevereiro Sophie e Hans são acusados de alta traição e condenados à morte. A execução acontece ainda no mesmo dia. Os restantes membros são executados no mesmo ano.
Os membros da Rosa Branca, principalmente Sophie Scholl, são ainda hoje respeitados e todas as terras têm ruas com os seus nomes, em memória dos estudantes que tentaram, de forma heróica, por fim à crueldade e à enorme indiferença existente na Alemanha daqueles tempos.
Sophie Scholl – Os Últimos Dias (Sophie Scholl)
Vencedor de dois Ursos de Prata no Festival de Berlim
“Melhor Realizador” para Marc Rothemund e “Melhor Actriz” para Julia Jentsch
Realização: Marc Rothemund
Actores:Julia Jentsch, Alexander Held, Fabian Hinrichs, Johanna Gastdorf, André Hennicke, Florian Stetter
Género: Drama
Título original: Sophie Scholl – The Final Days
Alemanha: 2005
Duração: 1h57m Classificação: M/16 anos
* Com a colaboração da Teresa que também recomenda a seguinte bibliografia: Die weiße Rose. (Lernmaterialien) (Paperback) by Inge Scholl (Author), Iris. Felter (Author), Jette. Jörgensen (Author); Resistance against the Third Reich: 1933-1990 (Studies in European History from the Journal of Modern History) by Michael Geyer page 174, and page 181; Nazi Terror: The Gestapo, Jews, and Ordinary Germans by Eric A. Johnson; Alternatives to Hitler: German Resistance under the Third Reich by Hans Mommsen; Uncommon Dissent: Intellectuals Who Find Darwinism Unconvincing by John Wilson; The Racial State: Germany 1933-1945 (Burleigh) by Michael Burleigh; In the Name of the Volk: Political Justice in Hitler's Germany by H. W. Koch; Lonely Planet Munich (Lonely Planet City Guides) by Jeremy Gray page 97; The Other Price of Hitler's War: German Military and Civilian Losses Resulting From World War II (Contributions in Military Studies) by Martin K. Sorge.
Domingo, 15 de Abril de 2007
Terça-feira, 10 de Abril de 2007
Fazendo uso das novas tecnologias e adaptando-as exemplarmente às actividades escolares os alunos da Preston Lodge High School, de East Lothian, Escócia, produziram uma curta-metragem de 7 minutos para assinalar o Holocaust Memorial Day, em 27 de Janeiro de 2006.
Trailer, 4m 7s
«É impossível contar. Ninguém pode representar o que se passou aqui. Impossível. Ninguém pode compreender isto. Eu mesmo hoje… não acredito que estou aqui. Não, não posso acreditar». Simon Srebnik regressou a Chelmno, na Polónia, o primeiro local onde os alemães aplicaram a «solução final». A partir destas imagens e palavras que abrem Shoah, o espectador é tomado por um horror trágico que não o abandonará ao longo das nove horas e meia que dura o filme. É um homem regressado do nada que se encontra perante a equipa de filmagem.
«Pela primeira vez vivemos [a dolorosa experiência] na nossa cabeça, no nosso coração, na carne. Torna-se nossa», escreve Simone de Beauvoir quando sai o filme em 1985. Obra singular, Shoah transporta o mundo dos vivos ao encontro dos seres que vivem na morte. Sobreviventes, carrascos, testemunhas activas ou não, todos são marcados por aquilo que continua um enigma. Porque é que os homens decretaram que uma categoria de humanos deveria desaparecer da face da terra? «Há momentos em que compreender se torna numa loucura», responde o realizador que prefere dizer e fazer dizer os factos: os meios de transporte dos deportados, a topografia dos campos, a disposição dos corpos, a organização do tempo.
Entre 1976 e 1981, trezentas e cinquenta horas de filme foram rodadas. Durante dez campanhas de filmagem, o escritor e cineasta Claude Lanzmann seguiu metodicamente os traços desta infâmia, analisando factos, identificando os locais e escutando as vítimas, os criminosos e as testemunhas. Sufocando a sua dor, o investigador coloca questões que incomodam os interlocutores, o próprio e os espectadores.
O visionamento deste filme é uma prova, uma experiência que, mesmo vivida indirectamente, deixa traços profundos. Em França, assim que saiu das salas, foi programado em 1987 pela TF1, na altura em que terminou o processo Barbie, em 1993 na France2 e, posteriormente, no canal Arte, no início de 1998. Shoah foi difundido em versões mais ou menos curtas nas televisões e cinemas de todo o mundo, provocando grandes debates, nomeadamente na Polónia.
Shoah é excepcional e radical na representação do horror sofrido pelos deportados na sua chegada aos campos de extermínio. Recusando qualquer imagem da época dos factos, o filme sucede como obra de referência a Nuit et Brouillard de Alain Resnais (1955), que misturava imagens de arquivo com os planos rodados pelo cineasta, acompanhados de um texto do poeta Jean Cayrol e de um música dramatizante.
A singularidade de Shoah continua intacta. Não se trata de um trabalho de jornalista ou historiador, mas de uma criação artística, de uma tragédia alucinatória, quer naquilo que transmite como na forma de o fazer. Claude Lanzmann criou uma obra de vida contra a obra da morte
Michel Doussot, jornalista
Télescope, n° 183, 31 Janeiro 1998