Quarta-feira, 3 de Outubro de 2007

Um oficial do Exército alemão que salvou centenas de judeus

A história do major Karl Plagge é parecida com aquela retratada no filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg. Ela foi descoberta por um médico americano, Michael Good, que em 1999 começou a investigar quem tinha sido o nazi que salvou a sua mãe.

Plagge abrigou cerca de 1.200 judeus numa oficina mecânica, salvando-os da morte. A restante da população do gueto de Vilnius foi exterminada na Segunda Guerra.

O major alemão, que morreu em 1957, foi homenageado no Memorial Yad Vashem, o museu do Holocausto de Jerusalém.


Facto raro

O director do Yad Vashem, Avner Shalev, disse à BBC que é um acontecimento raro o museu conceder a um alemão que participou da máquina de guerra nazi o título de "Righteous Among the Nations" (Justo das Nações).

"Ele pedia cada vez mais trabalhadores (para a oficina) e fez tudo o que podia para manter as condições relativamente mais humanas", afirmou Shalev.

Plagge, serviu em Vilnius entre Junho de 1941 e Junho de 1944, onde dirigia uma oficina onde eram consertados os veículos militares alemães.

O diploma e a medalha do museu do Holocausto foram entregues ao professor Johann-Dietrich Woerner, presidente da Universidade Técnica de Darmstadt, onde Plagge estudou.

Michael Good e os seus pais estavam presentes na cerimónia, assim como cerca de 30 outros sobreviventes que foram ajudados pelo oficial alemão.

"Passei muito tempo obcecado na minha busca, aprendendo muito sobre ele e procurando que ele fosse reconhecido pelo que fez", disse Good.

A investigação foi difícil, já que o médico americano teve de juntar testemunhos de sobreviventes espalhados por todo o mundo.

Avner Shalev contou que uma das principais cartas de Plagge ao alto comando militar alemão foi descoberta recentemente nos arquivos.

"Queríamos ter certeza de que ele não tinha cometido crimes contra a humanidade, por isso é que levou tanto tempo (para a homenagem). Todos os sobreviventes disseram que ele salvou as suas vidas", disse Shalev.


Famílias unidas

O director do museu afirmou que, dos 1200 trabalhadores judeus protegidos pelo major alemão, 500 eram homens e o restante, mulheres e crianças.

Plagge disse aos seus superiores que manter as famílias judias unidas motivava os trabalhadores a render mais – uma posição que contrariava a política das tropas nazis.

Quando os soviéticos se aproximavam da capital lituana e o extermínio dos judeus foi acelerado pelos nazis, Plagge contou aos trabalhadores o que estava acontecendo, permitindo que centenas de judeus fugissem antes que fosse tarde demais.

Plagge entrou para uma lista de 20.757 homens e mulheres homenageados pelo Yad Vashem por terem salvado judeus durante a Segunda Guerra.

Há apenas 410 alemães na lista, dos quais muito poucos eram militares.

Uma das figuras ilustres da lista é Oskar Schindler, que também salvou cerca de 1200 judeus que trabalhavam na fábrica de munições que ele controlava – a história, parecida com a do major Plagge, foi retratada em A Lista de Schindler, de Steven Spielberg.

publicado por MJ às 18:16
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