Domingo, 28 de Outubro de 2007

Os Justos das Nações


No discurso de Avner Shalev, presidente do Yad Vashem, Museu do Holocausto de Jerusalém na entrega do Prémio Príncipe da Astúrias da Paz 2007, este afirma que o galardão representa «a vitória da tolerância sobre o racismo, do bem sobre o mal».
(...)
Durante a viagem de Jerusalém a Oviedo, o nosso avião avião sobrevoou a Europa, onde foram assassinados sistematicamente seis milhões dos meus irmãos e irmãs. As suas vidas foram retiradas, a totalidade do seu legado, das suas obras e cultura destruídos.

Tudo, principalmente por causa de uma ideologia racista destrutiva baseada no ódio aos judeus e no anti-semitismo. Creou-se uma nova realidade sem precedentes na história da humanidade. O estudo do Holocausto dá sentido às palavras de Elie Wiesel: «Nem todas as vítimas eram judias, mas todo o juedeu era vítima».

Seis milhões de assassinados. Um número inconcebível. No entanto, a nossa obrigação humana é tentar concebê-la. Quando decomponho a cifra dos «seis milhões» converto-a no meu avô, na minha avó da Polónia, nos meus tios e tias e nos seus filhos pequenos, pessoas de verdade, de carne e osso, que nunca conheci e que nunca conhecerei e é aí que começo a conceber a magnitude da perda.
(...)

ler integralmente em espanhol ou em galego.
publicado por MJ às 15:50
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Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007

Para Saul Friedländer, o Holocausto não desaparecerá

O historiador israelita Saul Friedländer – vencedor do Prémio da Paz de 2007 da Associação dos Editores da Alemanha – conversou com a revista alemã "Der Spiegel" sobre a importância dos relatos de vítimas na pesquisa sobre o Holocausto e o fracasso dos esforços na Alemanha para colocar um ponto final na questão. 

Spiegel - Professor Friedländer, em contraste com outros relatos da história do holocausto, no seu livro “"Nazi Germany and the Jews, the Years of Extermination" (“A Alemanha nazi e os judeus – os anos de extermínio”, inédito em português), dá-nos uma ampla oportunidade de ouvir as vítimas através de diários e cartas. Por que não limitou o foco para a história dos perpetradores?
Saul Friedländer:
Porque isso não é suficiente. Basicamente, nós ainda precisamos de um livro que vá além da análise da política alemã e inclua o ambiente – por outras palavras, as igrejas, as elites, a população geral na Alemanha e em outros países – e incorpore as vozes das vítimas, daqueles que foram assassinados.

Spiegel -  Estava interessado no efeito educacional aqui, uma vez que o horror se torna mais vívido dessa forma?
Friedländer:
Não, muitos aspectos só se tornaram claros a partir de uma análise das fontes das vítimas, não de documentos oficiais. Por exemplo, o facto de que os judeus na Alemanha e Europa Ocidental não sabiam o que estava a acontecer – e na Europa Oriental eles não queriam acreditar no que viam. Tome como exemplo meus pais – após a sua deportação da França em 1942, um amigo escreveu para a minha avó, que vivia em Estocolmo, para dizer que meus pais tinham sido enviados para a Alemanha ou para uma reserva judaica na Polónia. Ele não tinha ideia de que eles tinham sido assassinados.

Spiegel - Teria sido diferente se as vítimas soubessem o que estava acontecendo?
Friedländer:
Faria uma grande diferença. Uma coisa era os nazis assassinarem milhões de pessoas que não sabiam o que iria acontecer com elas ou matarem pessoas que já esperavam o pior.

Spiegel - Isso explica porque o processo de extermínio foi tão fácil?
Friedländer:
Sim.

Spiegel - A posição oposta era dada pelo historiador do holocausto Raul Hilberg, recentemente falecido, que dizia que “a melhor forma de entender a realidade da situação é reconstruir os eventos da perspectiva dos perpetradores.”
Friedländer:
Tenho muito respeito por Hilberg. Ele foi o especialista clássico do mecanismo do extermínio. Mas ele só trabalhou com documentos deixados pelos perpetradores e achava que as vítimas iam para morte como cordeiros para o abate. Se ler entre linhas, pode até sentir a raiva com que ele escreve sobre a falta de resistência dos judeus. Mas eles simplesmente não sabiam o que estava acontecendo.

Spiegel - Há outras coisas novas que podemos aprender dos relatos das vítimas?
Friedländer:
Somente esses relatos podem confirmar o comportamento dos assassinos. Elsa Binder, de Stanislavóv, na Galícia, por exemplo, escreveu em seu diário em 1941 sobre como os "Einsatzgruppen" (esquadrões da morte) assassinaram suas amigas Tâmara e Ester, que era conhecida como Esterka. “Espero que a morte tenha sido boa com ela e a tenha levado rapidamente. E que ela não tenha tido de sofrer como ... Esterka que, como vimos, foi estrangulada.” Daí vemos que os Einsatzgruppen não eram constituídos só por  homens que apontavam espingardas contra as multidões aparentemente anónimas de pessoas. O estrangulamento de uma jovem revela, na verdade, o sadismo dos perpetradores, sobre o qual sabemos ainda tão pouco.

Spiegel - Como foi recuperado o diário?
Friedländer:
Foi encontrado num canal próximo de uma estrada que leva ao cemitério em Stanislavóv. As circunstâncias que envolvem a morte de Elsa são desconhecidas. E podemos deduzir algo mais da perspectiva das vítimas: além dos conselhos judaicos e das comunidades religiosas judaicas, também havia famílias, círculos de amigos e indivíduos. O sucesso das suas estratégias para evitar a deportação é – de um ponto de vista estatístico – talvez insignificante, mas é um pequeno capítulo na história geral do período. Por exemplo, só estou aqui hoje porque os meus pais me esconderam numa escola de um convento católico.

Spiegel -  Por outras palavras, a sua ênfase na perspectiva das vítimas tem origem na sua própria experiência?
Friedländer:
Claro. Na verdade, esse não deveria ser o caso com historiadores e o ex-director do Instituto de História Contemporânea de Munique Martin Broszat até disse em 1987 que os judeus eram incapazes de escrever uma história histórica racional do Terceiro Reich porque eles eram tendenciosos – como se um ex-membro da Juventude Hitlerista ou um membro de partido como Broszat pudesse conduzir pesquisa sem nenhuma bagagem biográfica. Isso aborreceu-me bastante na época, mas deparo novamente com essa atitude quando o assunto é discutido com colegas alemães.

Spiegel - Estuda o Holocausto há décadas. Espera que mais descobertas surjam dessa pesquisa?
Friedländer:
Provavelmente não haverá grandes mudanças no quadro geral.

Spiegel - Mas não existem diferenças consideráveis de opinião entre historiadores sobre a questão da razão o Holocausto ter acontecido?
Friedländer:
Está referindo-se ao que eu chamo de “novo funcionalismo”, por outras palavras, a posição tomada por meus colegas Ulrich Herbert, Götz Aly e Christian Gerlach. Eles acreditam que, por razões logísticas ou populistas, os alemães tenderam a buscar objetivos materialistas e originalmente não pretendiam assassinar os judeus. Esses estudiosos afirmam, por exemplo, que a população da Rússia foi assassinada, incluindo os judeus, porque isso era necessário para alimentar a Wehrmacht (as forças armadas da Alemanha), mas eles dizem que isso não era, de forma alguma, o principal objectivo.

Spiegel -  Que objecções tem a esses argumentos?
Friedländer:
Para mim, a ideologia do Terceiro Reich e de Hitler é da maior importância. No primeiro artigo conhecido escrito por Adolf Hitler que trata sobre a questão política, ele alertou sobre o perigo que os judeus representavam para o povo alemão. Isso foi em 1919. E seu testamento político feito no bunker em 1945 contém a mensagem de que os alemães deveriam continuar a luta contra a praga mundial do judaísmo. Podemos, portanto, observar a continuidade do anti-semitismo fanático.

Spiegel -  Qual a razão por que os nazis não mataram os judeus alemães nos anos 30?
Friedländer:
Tenho certeza de que Hitler não perseguia um plano de assassinar os judeus desde o início. A princípio, o objectivo era isolá-los da sociedade, privá-los das suas formas de sobrevivência económica e forçá-los a deixar a Alemanha.

Spiegel - E por que aconteceu o Holocausto?
Friedländer:
Durante a guerra, a Wehrmacht ocupou regiões onde viviam milhões de judeus. O plano era deportá-los, da mesma forma que eles começaram a fazer na Alemanha, de áreas sob controle alemão e enviá-los para uma reserva judaica. Num primeiro momento, essa reserva seria em Lublin, depois em Madagáscar, e finalmente, após derrotar Stalin, no norte da Rússia.

Spiegel - Mas não foi isso que aconteceu.
Friedländer:
Sim, a partir de Outubro de 1941, podemos observar uma transição. Hitler fazia declarações raivosas, aos berros, sobre os judeus quase todos os dias. A ofensiva na frente leste estava afundando na lama e, em 5 de Dezembro, o Exército Vermelho lançou a sua contra-ofensiva. Stalin não tinha sido derrotado – continuava a lutar. E alguns dias depois, os Estados Unidos estavam em guerra contra os aliados de Hitler, os japoneses. E como Hitler sabia que o presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, estava a tentar convencer o povo norte-americano a lutar contra a Alemanha, e por razões psicológicas ele queria dar uma surra nele. Daí, Hitler declarou guerra contra os Estados Unidos, embora aquele não tenha sido o plano original. Como resultado, Hitler estava lutando numa guerra total em duas frentes, da mesma forma que ele lutou na Primeira Guerra Mundial.

Spiegel - E o destino dos judeus europeus foi selado?
Friedländer:
Em 1935, Hitler disse que, se outra guerra ocorresse em em duas frentes, ele estaria preparado para tomar medidas drásticas contra os judeus. Essa foi a lição que Hitler aprendeu da Primeira Guerra Mundial. O país não se permitiria a outra punhalada nas costas do inimigo interno, os judeus, que supostamente haviam traído a Alemanha em 1917/18. Em contraste com os eslavos, que os nazis viam como "Untermenschen" (sub-homens) passivos, Hitler temia os judeus como um inimigo activo. Consequentemente, não era suficiente matar os judeus –- ele queria destruir tudo que era judaico no mundo. Eu acredito que a decisão para fazer isso tenha sido tomada em Dezembro de 1941.

Spiegel - Como você explica o fato de que, imediatamente após o ataque na União Soviética em Junho de 1941, os Einsatzgruppen tenham assassinado primeiro homens judeus, mas depois também atiraram contra centenas de milhares de mulheres e crianças? A determinação absoluta para aniquilar os judeus estava claramente presente numa data anterior.
Friedländer:
Esse é um caso de radicalização cumulativa, como meu colega Hans Mommsen lhe chamou noutros contextos. Isso resulta da noção de uma guerra total, como a que Hitler lutava no leste europeu. Ela possui a sua própria dinâmica e a radicalização emerge dela mesma.

Spiegel - E isso levou ao assassinato de mulheres e crianças?
Friedländer:
No lado alemão, existia a ideia mítica disseminada de que os judeus ajudariam o Exército Vermelho. E havia o início, embora muito modesto, de uma guerra subversiva por parte dos soviéticos. Dessa forma, os alemães viam as mulheres como uma ameaça potencial, por exemplo, como mensageiras. E eles disparavam contra as crianças porque eles não estavam preparados para alimentar todos os órfãos. Mas essa ainda não era a decisão para destruir todos os judeus da Europa. A guerra subversiva também era direccionada contra os eslavos. Nas aldeias, os alemães matavam todos os habitantes quando um resistente era descoberto ou havia suspeitas de actividade de resistência.

Spiegel - Alguns colegas seus vêem Hitler como um ditador cercado por cúmplices que o pressionavam pelo Holocausto. Qual a sua avaliação do papel de Hitler?
Friedländer:
Sem Hitler não teria existido o Holocausto. Mas é claro que Hitler nunca poderia ter cometido o crime sozinho. Era a população, era a elite, cerca de 200 mil perpetradores somente na Alemanha – existia uma disposição para seguir em frente com isso, também por razões muito práticas, porque as pessoas esperavam ganhar uma vantagem material.

Spiegel - Nesse sentido, você concorda com seu colega Götz Aly quando ele diz que Hitler assassinou os judeus para que puder distribuir todas as suas posses pelos alemães?
Friedländer:
Aly exagera. Hitler definitivamente utilizou a propriedade e os pertences daqueles que foram assassinados para ajudar a manter as pessoas caladas, mas esse não era o principal objetivo.

Spiegel - Escreveu recentemente que “evidentemente todos os impulsos homicidas e as ilusões ideológicas estão adormecidos na natureza da humanidade.” Vê uma ameaça de que isso poderia acontecer novamente?
Friedländer:
Há alguns anos, dei uma palestra na Universidade de Notre Dame, em Indiana. E uma pessoa do auditório fez uma pergunta que ainda me incomoda: “se algo tão extremo como o holocausto foi possível, não temos de revisar a nossa percepção da natureza da humanidade?” Não consegui responder a essa pergunta. Não há dúvida de que um partido político extremista com uma ideologia violenta pode, dadas as circunstâncias correctas, cometer actos horríveis, como vimos com alguma extensão no Ruanda e no Camboja. Mas quase não consigo imaginar que um movimento comparável ao nazismo possa ser bem-sucedido novamente num país moderno. Hoje, as forças de neutralização que falharam no passado são muito fortes para permitir que isso aconteça.

Spiegel - Tem acompanhado de perto os desenvolvimentos políticos na Alemanha ao longo dos anos. Como será estar no mesmo local onde o vencedor do Prémio da Paz Martin Walser esteve em 1998 e se queixou da “exibição sem fim da nossa vergonha” nos media?
Friedländer:
O jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung especulou recentemente que eu responderia Walser mas não pretendo fazer isso porque eu honestamente não me importo com o que Martin Walser pensa.

Spiegel - Walser representa muitas pessoas que dizem que é hora de seguir em frente e colocar um ponto final no debate sobre o Holocausto.
Friedländer:
Eu lembro-me vagamente do debate sobre dar um tempo na questão, no final dos anos 1950, e de forma muito clara do debate em 1985, que mais uma vez se concentrou em dar um ponto final no assunto. A cada 20 anos, parece haver uma onda de sentimento, por outras palavras, outra geração cresce e pede que a questão seja deixada para trás. Mas aí ocorre justamente o oposto. O debate em meados dos anos 1980 levou à "Historikerstreit" (uma controvérsia intelectual e política na Alemanha Ocidental sobre como o Holocausto deveria ser interpretado). E hoje quando as pessoas na Alemanha falam sobre o lançamento sistemático de bombas nas cidades e os refugiados e as pessoas desalojadas, o Holocausto parece desaparecer. Mas na verdade elas estão abordando-o de outro ângulo. O que eles estão tratando aqui é a resposta dos Aliados para o Holocausto, por outras palavras, os alemães também foram vítimas. Dresden é comparada com Auschwitz e não com outra coisa.

Spiegel - Os alemães não conseguem tirar o Holocausto do seu sistema?
Friedländer:
É o que parece para mim. Mas não é só com os alemães. Veja o sucesso espectacular de um autor completamente desconhecido como Jonathan Littell em França com sua novela "Les Bienveillantes" (“Os benevolentes”) sobre um oficial fictício da SS que é responsável por organizar a “solução final”. Existe algo sobre a natureza extrema do Holocausto que hoje está firmemente ancorada na percepção ocidental do mundo – e que é reflectida nesse romance. Não consigo explicar isso exactamente, mas uma coisa é certa – a questão do Holocausto não vai desaparecer.

Spiegel - O actual debate sobre “vítimas” alemãs deixa-o preocupado?
Friedländer:
Não. Quando viajei para Bona no início dos anos 60 para trabalhar nos arquivos, tinha esses horríveis ataques de pânico. Hoje a sensação que tenho na Alemanha é a mesma que tenho em qualquer outro país. Tenho um neto aqui e minha filha é casada com um alemão e vive em Berlim.

Spiegel - Então aparentemente não está muito preocupado com o debate sobre a apresentadora de TV que elogiou as políticas familiares dos nazis?
Friedländer:
Li sobre isso. A senhora Herman aparentemente não sabe sobre o que está falando.

Spiegel - E o cardeal Joachim Meisner?
Friedländer:
Eu também li sobre o cardeal e acredito que ele é limitado. Provavelmente leva essas coisas mais a sério do que eu porque elas acontecem no seu país. Eu entendo isso muito bem. Mas estou mais preocupado com a política dos Estados Unidos.

Spiegel - No próximo ano, será lançado um filme sobre a tentativa de assassinato de Adolf Hitler por Claus Schenk Graf von Stauffenberg em 20 de Julho de 1944, com Tom Cruise interpretando o papel principal. O vencedor do Oscar Florian Henckel von Donnersmarck diz que espera que essa grande produção possa fazer mais “para melhorar a imagem da Alemanha do que 10 Campeonatos do Mundo” teriam feito. Acredita nisso?
Friedländer:
Quase ninguém nos Estados Unidos ouviu falar de Stauffenberg – alguns dos meus alunos em Los Angeles nem sabem quem foi Lenine. É razoável supor que um filme com uma estrela de Hollywood poderia dar a impressão de que Stauffenberg era uma “boa pessoa”. Mas a ampla maioria dos norte-americanos não tem ideia da história da Alemanha e o filme não vai mudar isso.

música: saul friedländer; entrevista
publicado por MJ às 21:08
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Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

Enciclopédia do Holocausto


A Enciclopédia do Holocausto é um projecto do United States Holocaust Memorial Museum para o apoio à Educação. Milhares de entradas, fotos, e vídeos podem ser consultados em inglês, francês e espanhol. De forma não tão completa regista-se o aparecimento de uma versão em árabe e outra em farsi.
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publicado por MJ às 20:37
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Terça-feira, 23 de Outubro de 2007

Diabólica alquimia totalitária!

Kuki Sommer, brasileira descendente de alemães, deu início a um conjunto de textos sobre o Holocausto entre os quais reproduzimos o último, à data... para ler todos aceder aqui.

«Cresci assistindo o Holocausto, isso faz parte de mim desde minha tenra idade, sou descendentes direta de alemães, meus descendentes vieram refugiar-se no Brasil, fugidos de führer e sua alquimia totalitária de horrores, ah... como queria ter participado daquele momento, eu seria um Perlaska!! Se leio, releio e rumino quase obsessivamente essas histórias de atrocidades, é pela simples e perturbadora razão de que elas não apenas me horrorizam, mas me ferem tão visceralmente. Parece-me que não basta sentir um repúdio intelectual por essas brutalidades. É preciso, por um milagre do espírito, sentir um pouco na própria carne as dores, mutilações e misérias desses milhões de injustiçados. Os Nazis não pareciam apenas interessados na liquidação física de seus "inimigos". Compraziam-se em aviltá-los, reduzi-los a bichos, vermes, amebas. Quando lembro que em Belsen os prisioneiros morriam de fome e muitos deles desesperados entregavam-se à antropofagia, comendo pedaços dos cadáveres de seus companheiros. Sem falar que centenas de outros de desinteria e não tendo forças para irem até a latrina, defecavam onde estavam e acabavam morrendo de insaniçao em cima do próprio excremento. Literalmente uma barbárie!! Milhares deles foram dizimados pelo tifo. Para os burocratas do ‘Partido’ encarregados da ‘solução definitiva’, deve ter sido mais fácil condenar à morte algarismos do que seres humanos. Com certeza depois, em relativa ‘paz’ de espírito, ouviam o seu Wagner e liam o seu Goethe. Temo que agora passada a guerra e o tempo, o mundo esqueça os crimes nazistas. Esta idéia me preocupa, dando me um antecipado sentimento de culpa!! Mas Eu... eu não esquecerei!!»
publicado por MJ às 23:38
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Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007

I conferência sobre o Holocausto.

No próximo dia 22 de Outubro terá lugar a "I Conferencia sobre o Holocausto", no Auditório Príncipe Felipe de Oviedo. Esta Conferência, dirigida principalmente a docentes, mas aberta a todo tipo de público, é organizada pela Associação Cultural e de Amizade con povo judeu "Encuentro" e a colaboração do Museu Yad Vashem, o concelho de Oviedo, a Casa Sefarad-Israel e a Comunidad Israelita del Principado de Asturias.


Programa da conferência:

16:00. Presentación.
16:15. O Holocausto, relato histórico.
17:00. Yad Vashem Memoria e nome.
17:30. Materiais Educativos da Escola Internacional para o Estudo do Holocausto.

As tres conferencias serán impartidas por D. Mario Sinay, Director do Departamento de fala Hispana da Escola Internacional para o Estudo do Holocausto de Yad Vashem, Jerusalén.

18:15. Proxección do vídeo "Visados para la libertad", realizado pola Casa Sefarad-Israel
19:30. Presentación do material educativo sobre o holocausto, realizado polo grupo "Eleuterio Quintanilla" de Gijón.

Simultáneamente haberá unha exposición chamada "Visados para la libertad", composta dos seguintes 15 paneis:
Diplomáticos españois e o holocausto
España. Camiño cara a liberdade
Autorizada a entrada en territorio nacional
Xudeus sefardíes con nacionalidade española
Bernardo Rolland, Paris
O ultimátum alemán
Repatriación condicional
Sebastián Romero Radigales, Atenas
Xudeus españois en Bergen-Belsen
Julio Palencia y Tubau, Sofia
Jose de Rojas y Moreno, Bucarest
Angel Sanz Briz, Budapest
Budapest 1944: Perlasca e a delegación española
Jose Ruiz Santaella, Berlín
A axuda de España aos xudeus: luces e sombras
publicado por MJ às 09:48
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Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007

Friedländer homenageado na Feira do Livro de Frankfurt


O historiador israelita Saul Friedländer revisitou a história da destruição da sua própria família pelos nazis e recordou, ao receber o Prémio da Paz dos Livreiros Alemães, que os gritos das vítimas do Holocausto continuam a ecoar nas consciências humanas.

O discurso foi pronunciado em alemão, a língua materna de Friedländer, num tom firme e sereno apesar da emoção e comoveu o auditório. «Há sessenta anos que escutaram estas vozes e outras semelhantes», afirmou o historiador depois de ler um trecho da última carta do seu pai, escrita no comboio que o conduziu para o campo de Auschwitz.

«No entanto, continuam a tocar-nos e a comover com uma extraordinária força e imediatez que supera as fronteiras da comunidade judaica e que abalaram gerações inteiras da sociedade ocidental», continuou.

Friedländer recebeu na célebre Paulskirche o Prémio da Paz pelos seus trabalhos sobre o Holocausto nos quais – como assinalou o filósofo Wolfgang Frühwald ao apresentar Friedländer – logrou devolver  às vítimas do Holocausto um lugar na memória histórica, para além dos seus nomes.

Frühwald, no discurso que antecedeu Friedländer, recordou que os nazis não só quiseram exterminar fisicamente os judeus mas também apagar a sua memória, algo que Friedländer combate na sua obra, dando voz às vítimas.

O galardoado admitiu que chegava à Paulskirche com vários sentimentos, sabendo que o Prémio era atribuído em grande parte pela temática do seu trabalho, o que era algo muito pessoal como deixou patente no discurso onde mencionou os documentos a partir dos quais pode reconstruir o caminho da a morte percorrido pelos seus pais.

Jan e Elli Friedländer fugiram de Praga em 1939 com o seu filho Pavel que posteriormente mudou o seu nome para Saul, quando tinha 6 anos e se mudaram para França. Em 1942 a família Friedländer foi para a Suiça fugindo dos alemães que tinham ocupado a França e perseguiam os judeus, apoiados pelo regime de Vichy. Pavel ficou ao cuidado de uma vizinha que o escondeu num internato católico onde sobreviveu sob a identidade de Paul-Henri Ferland.

Friedländer, no seu discurso, leu a transcrição das declarações do seu pai à polícia quando foi detido e fragmentos de cartas de diversos familiares, como a sua tia Marta, que permaneceu em Praga onde foi assassinada pelos nazis.

Por fim, citou a última missiva do seu pai, escrita no comboio e atirada pela janela para ser recolhida por uns mensageiros. Estava dirigida à mulher que ficou a tomar conta do seu filho:

«Pela última vez, receba o nosso agradecimento infinito e os nossos melhores desejos para si e sua família. Não abandone o menino e que Deus a recompense» dizia a carta que ia acompanhado de 6000 francos e um álbum de selos.

Friedländer considera que este tipo de cartas continua a ser a nossa consciência porque, por um lado, afecta-nos o facto de saber que as vítimas não tinham nenhuma ideia do destino que as esperava. Por outro, documentam um facto, o Holocausto, que segundo Friedländer continua a ser a nossa prova de fé na solidariedade humana.

No comboio que levou para Auschwitz os seus pais viajavam cerca de 1000 judeus, entre eles 200 crianças. Nenhum sobreviveu e muitos deles foram levados directamente para as câmaras de gás.

O pai de Friedländer, segundo os documentos encontrados pelo filho, foi assassinado pelos nazis em 1942. O rasto da sua mãe perde-se em 1944.

publicado por MJ às 11:39
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Sexta-feira, 12 de Outubro de 2007

A Vanguarda do Horror

Quando pensamos que já nada nos pode surpreender os novos sinais da barbárie causam nojo. Um grupo de skinheads e neonazis italianos de língua alemã do Tirol do Sul realizou uma excursão provocatória ao campo de concentração de Dachau onde ultrajaram a memória dos que ali sofreram e morreram, usando indumentária imprópria, fazendo a saudação hitleriana e gritando «Sieg heil». São os novos turistas do Holocausto. As fotos a seguir reproduzidas foram apreendidas pelos carabineiros de Ros di Bolzano e foram publicadas ontem pelo jornal italiano Espresso. [Com o agradecimento à Alda Maia sempre atenta ao que se passa na bela Itália.]


Reunião do Südtiroler Kameradschaftsring organização nazi que pretende a libertação do Tirol do Sul. É liderado pelo "comandante" Armin Sölva e pelo seu vice Christoph Andergassen.

Três membros do grupo em Dachau, fazem a saudação hitleriana frente à lápide que recorda o forno crematório onde foram incinerados 43 mil judeus e deportados políticos. Na lápide está gravado: "Pensa como nós morremos aqui".

 Posando no interior do museu de Dachau. Os painéis que explicam o Holocausto servem de cenário para afirmar o orgulho nazi.


 O leader do grupo junto ao monumento que recorda as vítimas do campo. Uma t-shirt mostra a metralhadora Mp 40 usada pelos SS, enquanto a outra ostenta o óbvio: "Somos criminosos convictos".


Armin Sölva e Christoph Andergassen em Potsdam diante da lápide que recorda a sinagoga incendiada pelos SA na Noite de Cristal. Foi a primeira sinagoga destruida na Alemanha. Para assinalar o incêndio os energúmenos mostram um isqueiro do NPD, partido neo-nazi alemão que mantêm contactos com o PNR português.

No museu de Dachau, sorridentes diante do poster "Unsere Letzte Hoffung. Hitler" (a nossa derradeira esperança: Hitler). Reparem no motivo da t-shirt da esquerda.


O grupo de naziskins, durante uma viagem à Austria, na cidade natal de Hitler.

Dachau, passeando diante do monumento do forno crematório com as t-shirts neo-nazis.
publicado por MJ às 21:42
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«Shoah» de Claude Lanzmann - download

A obra monumental de Claude Lanzmann pode ser descarregada neste endereço.

FICHA TÉCNICA-ARTÍSTICA
Direcção: Claude Lanzmann
Câmaras: Dominique Chapuis, Jimmy Glasberg, William Lubchansky
Som: Bernard Aubouy, Michel Vionnet, Danielle Fillios
Montagem: Ziva Postec, Anna Ruiz
Assistentes de Montagem: Bénédicte Mallet, Christine Simonot, Geneviève de Gouvion Saint-Cyr
Assistentes de realização: Corinna Coulmas, Irène Steinfeldt-Levi
Produção: Les Films Aleph, Historia Films, Ministère de la Culture
Assistente de câmara: Jean-Yves Escoffier, Andrés Silvart
Suporte original: 35 mm. Cor

TESTEMUNHOS
Simon Srebnik, Michael Podchlebnik, Motke Zaidl, Hanna Zaidl, Jan Piwonski, Itzhak Dugin, Richard Glazer, Paula Biren, Pana Pietyra, Pan Filipowicz, Pan Falborski, Abraham Bomba, Czeslaw Borowi, Henrik Gawkowski, Rudolf Vrba, Inge Deutschhkron, Franz Suchmoel, Raul Hilberg, Claude Lanzmann, Jan Karski, Simha Rotem,
publicado por MJ às 18:48
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Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007

Uma obra dedicada à juventude

Com o agradecimento à Via Occidentalis Editora publicamos o prefácio incluído na obra Ensinar o Holocausto no Século XXI, de Jean-Michel Lecomte, livro direccionado à compreensão do fenómeno do anti-semitismo que recentemente ganhou uma sinistra actualidade entre nós.


* * *

Prefácio à edição portuguesa por

Esther Mucznik

investigadora em assuntos judaicos

 

Em boa hora, decidiu a Via Occidentalis publicar a tradução do livro Ensinar o Holocausto no Século XXI, editado pelo Conselho da Europa.

 

Trata-se, como é referido na apresentação do mesmo, de uma obra  com uma preocupação essencialmente pedagógica com vista a fornecer um material de apoio – simultaneamente conciso, rigoroso e de fácil consulta –  a professores e alunos.

 

Ensinar o Holocausto não é um desafio fácil. Portugal não foi ocupado por Hitler durante a IIª Grande Guerra, nem sofreu as consequências do Holocausto no seu solo. Mas esta feliz circunstância histórica leva a que, praticamente, apenas a população judaica em Portugal  tenha laços afectivos, memórias concretas, uma relação directa com as vítimas do genocídio nazi. Com efeito, quantos jovens em Portugal poderão dizer “o meu avô contou-me...”? Obviamente bem poucos.

 

Talvez por isso o Holocausto nunca foi objecto de debate público em Portugal como o foi, embora tardiamente, nos países ocupados pelo nazismo. Assim para a maioria esmagadora dos alunos e professores portugueses de hoje, o Holocausto é um acontecimento de que ouviram falar na televisão, através de alguns filmes, de alguns livros ou de alguns textos inseridos em manuais escolares – apesar de há uns anos para cá o currículo escolar contemplar mais detalhadamente o estudo do nazismo. Mas para os alunos – e eu tive a oportunidade de o constatar pessoalmente várias vezes – o Holocausto é um acontecimento abstracto, visto frequentemente quase como uma ficção.

 

O facto de já se terem passado mais 60 anos, torna também mais difícil o ensino do Holocausto, não só pela capacidade de atenção e interesse dos alunos, como da própria motivação de professores e autores de manuais. Sabemos como a nossa sociedade – e não só a portuguesa – está virada para a vertigem da actualidade e para o efémero: o que é hoje acontecimento deixa de o ser amanhã. E neste contexto, sessenta anos é uma eternidade...

 

Mas não são estas as únicas dificuldades do ensino do Holocausto, nem talvez as principais. “Não há história mais difícil de contar em toda a história da Humanidade”, afirmou Hannah Arendt. Porquê? Em primeiro lugar pelo sofrimento intenso de um povo, estilhaçando com fragor insuportável os limites do entendimento humano. Até hoje, o genocídio nazi, programado, sistemático e colectivo permanece para a civilização humana como a referência ética do mal absoluto.

 

Mas também porque é uma história que põe radicalmente em causa os valores em que fomos formados, as nossas certezas mais profundas: que através da cultura e da educação o homem se vai aperfeiçoando; que é tanto mais moral quanto mais instruído; que a ciência é uma escola de progresso, racionalidade e aperfeiçoamento. O extermínio nazi deitou por terra essa perspectiva: ocorreu num dos países mais industrializados, povoado por uma das nações mais cultas e instruídas do mundo. “Esperávamos o pior, mas não o impossível”, afirma uma sobrevivente. Depois do Holocausto ficámos a saber que o impossível se tornou uma possibilidade em aberto.

 

Não é, pois, fácil ensinar o Holocausto e sobretudo educar contra o Holocausto. Mas é um assunto que não pode ser evitado porque tem a ver com os próprios fundamentos da nossa civilização. Auschwitz tornou-se, pela negativa, património da humanidade.

 

Na história negra deste período há, no entanto, alguns raios de luz representados por homens e mulheres que contra tudo e contra todos, tiveram a coragem de se opor à barbárie, escondendo e salvando judeus e não judeus, resistentes ou simples pessoas, arriscando frequentemente a própria vida. Ensinar o Holocausto no século XXI  evoca esses “Justos das nações” título a eles atribuído por Israel em reconhecimento da sua acção de salvamento. Entre eles nunca será demais lembrar Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus (França) que à revelia do seu governo e arriscando a sua carreira e bem-estar pessoal e familiar concedeu milhares de vistos à multidão de refugiados que procurava desesperadamente escapar da Europa ocupada.

 

Portugal declarou a neutralidade política durante a guerra e desde o seu início muitos judeus e outros perseguidos tentaram escapar aos nazis obtendo um visto de trânsito em Portugal. Mas, à medida que chegavam mais refugiados, a política de fronteiras foi-se tornando mais apertada: os cônsules só podiam conceder vistos depois de autorizados pela polícia política e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e, após a ocupação alemã de Paris em Junho de 1940, apenas a quem dispusesse de um bilhete de saída de Portugal e de um visto de entrada num país de exílio.  Apesar de todas estas dificuldades, houve mais de cem mil refugiados que conseguiram salvar-se através de Portugal, a maioria entrando clandestinamente ou com vistos dados por Aristides de Sousa Mendes. “Era realmente meu objectivo salvar toda aquela gente, cuja aflição era indescritível”, afirmará mais tarde Aristides de Sousa Mendes.

 

A sua coragem teve um preço exorbitante: Salazar demitiu-o e o cônsul ficou na miséria sendo obrigado a viver da caridade para sustentar a sua numerosa família até à morte em 1954. Outros diplomatas portugueses souberam também fazer prova de humanidade e compaixão: Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho, na Hungria; José Luis Archer, em Paris; Lencastre e Menezes, em Atenas; Giuseppe Agenore Magno, cônsul honorário em Milão, todos eles concederam vistos sem autorização, comprometendo as suas carreiras e vidas pessoais.

 

No entanto, nenhum salvou tantos, nem pagou um preço tão elevado como Aristides de Sousa Mendes. Talvez por isso, no Yad Vashem, em Jerusalém, onde o cônsul tem uma árvore plantada em seu nome na Ala dos Justos, as autoridades israelitas considerem que entre todos, foi Aristides de Sousa Mendes que sozinho e contra o seu próprio governo salvou mais vidas. “Talvez seja por isso que a sua árvore é a mais alta de todas”, concluem com um sorriso...

 

A terminar, não quero deixar de saudar a editora Via Occidentalis pela publicação deste livro. Espero que ele contribua decisivamente para ajudar professores e alunos a conhecer e a reflectir sobre a pior catástrofe do século XX. Esta é sem dúvida a melhor maneira de impedir a sua repetição.

publicado por MJ às 14:20
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A banalização do Mal ou quando tudo se equivale

A montagem fotográfica do catalão Joan Fontcuberta exposta no Fotografie Forum International realizado no âmbito da Feira Internacional do Livro de Frankfurt está a causar estupefacção na Alemanha. A obra representa o muro de segurança israelita e cada pixel é uma foto dos campos de concentração nazis. A directora do forum limitou-se a declarar que o forum não é anti-semita.
Lido no Herut
publicado por MJ às 13:02
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Terça-feira, 9 de Outubro de 2007

Aristides de Sousa Mendes no Teatro da Trindade

«A Desobediência»
Teatro da Trindade - 11 de Outubro a 25 de Novembro
(
Largo da Trindade, 7a, 1200-466, Lisboa)
4ª-feira a sábado às 21h30 e domingo às 16h00 | M/12

No verão de 1940, quando as tropas alemãs invadiram a França, a salvação de milhares de homens e mulheres que fugiam do regime de terror instaurado na Europa pelo nazismo, dependia de um visto de trânsito para um país neutro. Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, dividido entre o cumprimento das ordens ditadas por Salazar e a sua consciência, optou por obedecer a esta e desobedecer àquelas. O resultado seria a salvação de cerca de 30 mil judeus e o seu afastamento definitivo da carreira diplomática. É esse conflito dramático, as circunstâncias em que se desenrolou e as suas dolorosas consequências, que constituem o tema desta peça, escrita em 1995, publicada em 1998, traduzida em espanhol, hebraico, búlgaro e inglês.

texto
Luiz Francisco Rebello
encenação
Rui Mendes - cenografia e figurinos Ana Paula Rocha - desenho de luz Carlos Gonçalves
interpretação
Rogério Vieira, Carmen Santos, Igor Sampaio, Joana Brandão, João Didelet, José Henrique Neto, Luís Mascarenhas, Marques D’Arede, Nuno Nunes, Rita Loureiro, Rui Santos, Rui Sérgio, Sérgio Silva e Sofia de Portugal
produção
INATEL/Teatro da Trindade 2007
publicado por MJ às 23:00
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Ensinar o Holocausto aos jovens

EUROPA ENTREVISTA

4ª FEIRA, 10 DE OUTUBRO - 19H05

SÁBADO, 13 DE OUTUBRO - 18H05 (redifusão)

Lisboa 90.4 FM

A propósito da edição em Portugal do livro "Ensinar o Holocausto no século XXI", de Jean-Michel Lecomte (Editora Via Occidentalis), o Europa Entrevista convida esta semana Esther Mucznik, vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, para falar das ameaças da extrema-direita na Europa (como a recente profanação de campas no Cemitério Israelita em Lisboa) e do actual momento do processo de Paz no Médio Oriente.

Europa Entrevista : uma edição de Mónica Peixoto.

Emissão também disponível online em www.radioeuropa.fm / Jazza-me muito... ou através da powerbox da TV Cabo.
publicado por MJ às 10:57
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Segunda-feira, 8 de Outubro de 2007

Somos todos Judeus

«Assim que chegaram ao cemitério judaico de Lisboa, os ministros da Justiça, Alberto Costa, e da Administração Interna, Rui Pereira, foram, de kipas na cabeça, visitar as campas profanadas pelos ‘skins’ no passado dia 25. As cruzes suásticas estavam escondidas por 17 panos brancos que cobriam os túmulos em sinal de respeito pelos mortos. As pedras mais pequenas que tradicionalmente decoram as campas estavam ainda fora do sítio. Mais ninguém pode visitá-las para não invadir a intimidade das famílias.

Depois de lhes ter sido explicado como as famílias ficaram devastadas com o acto anti-semita, foram encaminhados para a cerimónia Taharat Kevurot (Purificação dos Túmulos), que visou mostrar o repúdio e indignação da Comunidade Judaica, que espera ter sido apenas um acto inédito e isolado.

Representantes das comunidades hindu, ortodoxa, bahai, católica, o alto-comissário para as Minorias, embaixador israelita, Paulo Portas, Esther Mcznick e, entre outros, o Rabi Eliezer Shai Di Martino (estes últimos da comunidade judaica) juntaram--se ontem para condenar a profanação e rezar pelos mortos incomodados.

O presidente da comunidade israelita, José Oulman Carp, afirmou que o vandalismo trouxe à memória as perseguições que o povo judeu sofreu e também o holocausto. “Portugal é uma das melhores democracias do Mundo. Esperemos que se faça justiça”, disse.

Rui Pereira criticou as atitudes racistas e discriminatórias e mostrou estar solidário. “Perante aqueles actos hoje sou judeu, somos todos. E como ministro posso afirmar que estes atentados não ficarão impunes e que não se vão repetir”, afirmou.

Solidário e crítico, Alberto Costa defendeu um estado laico, onde há liberdade e respeito por todos, e disse esperar que os tribunais condenem os profanadores. E, como Rui Pereira, afirmou que hoje “somos todos judeus”.

VÂNDALOS LIBERTADOS

O ‘Lobo nazi’, como se apresenta o skinhead Carlos Seabra, de 24 anos, vandalizou o cemitério judaico em Lisboa no passado dia 25 com João Dourado, de 16. Saltaram o muro e profanaram 17 campas inscrevendo cruzes suásticas e defecando em cima de duas delas. Foram apanhados pela PSP, mas o juiz devolveu-lhes a liberdade no dia seguinte.

PORMENORES
JUDEOFOBIA
O rabi fez questão de afirmar que a vida da comunidade judaica em Portugal e, especificamente em Lisboa, não vai parar por causa dos actos de vandalismo. E chamou à atenção para a ainda existente judeofobia.

DEPOIS DA SUKOT
A festa das cabanas – Sukot– é para os judeus o ponto máximo de alegria do ano. Terminada a festa de sete dias, onde se come em frágeis cabanas, a comunidade judaica juntou-se para condenar a profanação.

Correio da Manhã/Ângela Lopes

publicado por MJ às 18:37
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Sexta-feira, 5 de Outubro de 2007

Os «Protocolos dos Sábios de Sião» continuam a fazer escola...

Numa coluna de opinião no Diário dos Açores de 23/08/2007 assinada por Marcus de Noronha da Costa podemos dar conta do anti-semistismo serôdio, povoado de fantasmas, de origem monárquico-católico a propósito de uma edição crítica dos «Protocolos dos Sábios de Sião» lançada para o mercado. Conta o autor que a actuação dos judeus é que motivou o Holocausto:

«Mais uma vez acaba de aparecer nas montras das livrarias a 4ª edição portuguesa da obra famosa e muito polémica – Os Protocolos do Sábios de Sião –, editada por uma editora "fantasma", e com um metódico prefácio de Bernardino Luís Franco.
O prefaciador defende a tese de o livro em questão ter sido produzido pelos agentes da – Okhrana – (polícia secreta do czarismo russo) para lançarem a confusão nas reformas estruturais que o Czar Nicolau II queria levar a efeito.
Para Sergei Nilus, promotor da edição russa do livro em questão, os – Protocolos – foram as actas do Iº Congresso Sionista – da Basileia de 1897 que tinha como objectivo a conquista do poder politico e económico pelo judaísmo, servindo-se estes como seu "braço armado" da maçonaria.
Um facto é evidente e não necessita de demonstração, mesmo que o texto tenha sido forjado pela – Okhrana –, quem o ler atentamente pode constatar factualmente que a maioria esmagadora deste se confirmou na manipulação económica e politica da sociedade por essa minoria não integrada e super-individualizada nas nações que os acolheram e tiveram como objectivo máximo a formação do "barril de pólvora" que é o Estado de Israel.
No aspecto económico e financeiro basta pegar nos indicadores dos índices das grandes fortunas a nível mundial dos Estados Unidos e da Europa mais desenvolvida, onde são predominantes as famílias sionistas que controlam dentro do mais lúcido – capitalismo selvagem – os circuitos de riqueza dos países onde se instalaram. Claro está que estas posições privilegiadas na economia conduziram na década de 30 do século passado ao aparecimento de movimentos radicais, que precipitaram situações atrozes contra os direitos humanos que levaram à monstruosidade do – Holocausto.
Apesar do sucedido, o sionismo internacional continua a manipular brilhantemente os números das vítimas, cifrando-o em 6 milhões de judeus e eliminando liminarmente um milhão e duzentos mil opositores ao – nazismo – que vão desde católicos, protestantes, muçulmanos, ciganos, homossexuais e outros grupos liquidados impiedosamente pela ideologia do critério da – pureza da raça–!
Com o conflito latente entre o mundo árabe e Israel, o livro em causa tem sofrido inúmeras edições no Egipto, Síria, Irão, Iraque e Paquistão servindo de meio de propaganda efectiva para o radicalismo político que se desenvolve naqueles países.
Deve-se recordar que o industrial estadunidense Henry Ford divulgou em folhetim no seu jornal – Dearborn Independent – os Protocolos –, que tiveram imenso sucesso na sociedade … porque os leitores constataram que o texto correspondia exactamente às posições efectivas que o – sionismo – controlava na economia americana!
Em Portugal o livro apareceu traduzido em 1923 por J. A. Viana Peixoto e Francisco Pereira Peixoto, e logo a seguir em 1925 Mário Saa, poeta e escritor companheiro de Fernando Pessoa e dos escritores modernistas da época escreve – A Invasão dos Judeus – na sociedade portuguesa.
É evidente que os judeus em Portugal não constituem qualquer ameaça nem rácica nem economicamente, vivem normalmente, facto que não acontece nem no Brasil e especialmente na Argentina.
A presente edição que à primeira vista parece académica e muito narrativa, não passa de mais uma das múltiplas imagens do – politicamente correcto –, que o sionismo internacional e os serviços secretos israelitas desejam divulgar entre os incautos.»
publicado por MJ às 19:16
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Charlotte Salomon

Charlotte Salomon não é uma desconhecida no Yad Vashem que já expôs uma grande parte da sua obra. No entanto, a recente aquisição do esboço «retrato da menina» revela um novo olhar da artista sobre o Holocausto. A menina em questão Valerie Kampf era uma jovem judia inglesa que estava a passar férias, com a sua mãe, na Cote d’Azur quando eclodiu a 2ª Guerra Mundial. Valeria conta: «Encontrámos Ottilie Moore, uma milionária norte-americana, que era minha madrinha e que propôs à minha mãe levar-me para a América. A minha mãe que se preocupava com a minha segurança aceitou imediatamente e entregou-me como estava, de fato de banho e sem outro vestuário». A jovem Valerie ainda ficou algum tempo na casa de Villefranche-sur-Mer, pertença da senhora Moore, antes de cruzar o Atlântico. Foi durante esse curto período que encontrou Charlotte Salomon, uma jovem judia alemã, nascida em 1917 em Berlim, e enviada para essa localidade onde habitavam os seus tios. Marcada pelo suicídio da sua mãe quando contava apenas nove anos, as cores e os movimentos das suas obras mostravam o olhar lúcido com que Charlotte abordava a realidade. No «retrato de uma menina» que o Museu de Arte do Holocausto do Yad Vashem acaba de comprar é a doçura e a nobreza com que uma jovem de oito anos suporta corajosamente a separação da sua mãe, que Charlotte reproduz. Charlotte Salomon morre deportada em Outubro de 1943.

publicado por MJ às 00:59
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Quarta-feira, 3 de Outubro de 2007

Um oficial do Exército alemão que salvou centenas de judeus

A história do major Karl Plagge é parecida com aquela retratada no filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg. Ela foi descoberta por um médico americano, Michael Good, que em 1999 começou a investigar quem tinha sido o nazi que salvou a sua mãe.

Plagge abrigou cerca de 1.200 judeus numa oficina mecânica, salvando-os da morte. A restante da população do gueto de Vilnius foi exterminada na Segunda Guerra.

O major alemão, que morreu em 1957, foi homenageado no Memorial Yad Vashem, o museu do Holocausto de Jerusalém.


Facto raro

O director do Yad Vashem, Avner Shalev, disse à BBC que é um acontecimento raro o museu conceder a um alemão que participou da máquina de guerra nazi o título de "Righteous Among the Nations" (Justo das Nações).

"Ele pedia cada vez mais trabalhadores (para a oficina) e fez tudo o que podia para manter as condições relativamente mais humanas", afirmou Shalev.

Plagge, serviu em Vilnius entre Junho de 1941 e Junho de 1944, onde dirigia uma oficina onde eram consertados os veículos militares alemães.

O diploma e a medalha do museu do Holocausto foram entregues ao professor Johann-Dietrich Woerner, presidente da Universidade Técnica de Darmstadt, onde Plagge estudou.

Michael Good e os seus pais estavam presentes na cerimónia, assim como cerca de 30 outros sobreviventes que foram ajudados pelo oficial alemão.

"Passei muito tempo obcecado na minha busca, aprendendo muito sobre ele e procurando que ele fosse reconhecido pelo que fez", disse Good.

A investigação foi difícil, já que o médico americano teve de juntar testemunhos de sobreviventes espalhados por todo o mundo.

Avner Shalev contou que uma das principais cartas de Plagge ao alto comando militar alemão foi descoberta recentemente nos arquivos.

"Queríamos ter certeza de que ele não tinha cometido crimes contra a humanidade, por isso é que levou tanto tempo (para a homenagem). Todos os sobreviventes disseram que ele salvou as suas vidas", disse Shalev.


Famílias unidas

O director do museu afirmou que, dos 1200 trabalhadores judeus protegidos pelo major alemão, 500 eram homens e o restante, mulheres e crianças.

Plagge disse aos seus superiores que manter as famílias judias unidas motivava os trabalhadores a render mais – uma posição que contrariava a política das tropas nazis.

Quando os soviéticos se aproximavam da capital lituana e o extermínio dos judeus foi acelerado pelos nazis, Plagge contou aos trabalhadores o que estava acontecendo, permitindo que centenas de judeus fugissem antes que fosse tarde demais.

Plagge entrou para uma lista de 20.757 homens e mulheres homenageados pelo Yad Vashem por terem salvado judeus durante a Segunda Guerra.

Há apenas 410 alemães na lista, dos quais muito poucos eram militares.

Uma das figuras ilustres da lista é Oskar Schindler, que também salvou cerca de 1200 judeus que trabalhavam na fábrica de munições que ele controlava – a história, parecida com a do major Plagge, foi retratada em A Lista de Schindler, de Steven Spielberg.

publicado por MJ às 18:16
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Terça-feira, 2 de Outubro de 2007

Holocausto: uma obsessão iraniana

Depois do concurso mundial de cartoons sobre o Holocausto patrocinado pelo Irão, da conferência negacionista de Teerão, das reiteradas afirmações e contradições de Mahmoud Ahmadinejad foi agora a vez de o reitor da Universidade iraniana de Ferdowsi convidar o presidente dos EUA, George W. Bush para falar aos professores e alunos e responder às suas questões sobre direitos humanos, terrorismo e Holocausto.
publicado por MJ às 18:49
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"Memória do Holocausto". A vida de uma criança judia na Budapeste ocupada pelos nazis.

No próximo dia 22 de Outubro às 20:00 horas e organizada pela AGAI (Asociación Galega de Amizade con Israel), terá lugar no salão de actos do Clube Internacional de Prensa de Compostela – sito na Av. da Coruña 6 (Santiago de Compostela) – uma conferência do professor e sobrevivente do Holocausto, Jaime Vándor*. Apresentação de Pedro Gómez-Valadés, Presidente da AGAI

*Jaime Vándor Koppel, professor, ensaísta e poeta. Nasceu em Viena em 1933, refugiado em Budapeste em 1939, sobrevive na Hungría às perseguições dos judeus e à IIª Guerra Mundial. Doutorado em Filosofía e Letras pela Universitat de Barcelona, em cuja Secção de Filologia Semítica deu aulas de Língua e Literatura Hebreia e Historia do Judaísmo Moderno e Contemporâneo, desde l958 até à sua jubilação em 2003. Fundador da Associació de Relacions Culturals Catalunya-Israel (ARCCI), em l979. Chanceler do Consulado de Israel em Barcelona em 1994, Cônsul Honorário em funções durante 1997. Jaime Vándor acumula o doloroso balanço de ter 150 membros da sua família, por parte materna, assassinados no Holocausto, e perto de 50 por parte do seu pai.

publicado por MJ às 18:29
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