Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007

Friedländer homenageado na Feira do Livro de Frankfurt


O historiador israelita Saul Friedländer revisitou a história da destruição da sua própria família pelos nazis e recordou, ao receber o Prémio da Paz dos Livreiros Alemães, que os gritos das vítimas do Holocausto continuam a ecoar nas consciências humanas.

O discurso foi pronunciado em alemão, a língua materna de Friedländer, num tom firme e sereno apesar da emoção e comoveu o auditório. «Há sessenta anos que escutaram estas vozes e outras semelhantes», afirmou o historiador depois de ler um trecho da última carta do seu pai, escrita no comboio que o conduziu para o campo de Auschwitz.

«No entanto, continuam a tocar-nos e a comover com uma extraordinária força e imediatez que supera as fronteiras da comunidade judaica e que abalaram gerações inteiras da sociedade ocidental», continuou.

Friedländer recebeu na célebre Paulskirche o Prémio da Paz pelos seus trabalhos sobre o Holocausto nos quais – como assinalou o filósofo Wolfgang Frühwald ao apresentar Friedländer – logrou devolver  às vítimas do Holocausto um lugar na memória histórica, para além dos seus nomes.

Frühwald, no discurso que antecedeu Friedländer, recordou que os nazis não só quiseram exterminar fisicamente os judeus mas também apagar a sua memória, algo que Friedländer combate na sua obra, dando voz às vítimas.

O galardoado admitiu que chegava à Paulskirche com vários sentimentos, sabendo que o Prémio era atribuído em grande parte pela temática do seu trabalho, o que era algo muito pessoal como deixou patente no discurso onde mencionou os documentos a partir dos quais pode reconstruir o caminho da a morte percorrido pelos seus pais.

Jan e Elli Friedländer fugiram de Praga em 1939 com o seu filho Pavel que posteriormente mudou o seu nome para Saul, quando tinha 6 anos e se mudaram para França. Em 1942 a família Friedländer foi para a Suiça fugindo dos alemães que tinham ocupado a França e perseguiam os judeus, apoiados pelo regime de Vichy. Pavel ficou ao cuidado de uma vizinha que o escondeu num internato católico onde sobreviveu sob a identidade de Paul-Henri Ferland.

Friedländer, no seu discurso, leu a transcrição das declarações do seu pai à polícia quando foi detido e fragmentos de cartas de diversos familiares, como a sua tia Marta, que permaneceu em Praga onde foi assassinada pelos nazis.

Por fim, citou a última missiva do seu pai, escrita no comboio e atirada pela janela para ser recolhida por uns mensageiros. Estava dirigida à mulher que ficou a tomar conta do seu filho:

«Pela última vez, receba o nosso agradecimento infinito e os nossos melhores desejos para si e sua família. Não abandone o menino e que Deus a recompense» dizia a carta que ia acompanhado de 6000 francos e um álbum de selos.

Friedländer considera que este tipo de cartas continua a ser a nossa consciência porque, por um lado, afecta-nos o facto de saber que as vítimas não tinham nenhuma ideia do destino que as esperava. Por outro, documentam um facto, o Holocausto, que segundo Friedländer continua a ser a nossa prova de fé na solidariedade humana.

No comboio que levou para Auschwitz os seus pais viajavam cerca de 1000 judeus, entre eles 200 crianças. Nenhum sobreviveu e muitos deles foram levados directamente para as câmaras de gás.

O pai de Friedländer, segundo os documentos encontrados pelo filho, foi assassinado pelos nazis em 1942. O rasto da sua mãe perde-se em 1944.

publicado por MJ às 11:39
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Sábado, 30 de Junho de 2007

O Yad Vashem da Polónia

Foi demarcada em Varsóvia, na Polônia, uma área de 13 mil metros quadrados, no local em que antes da II Guerra Mundial ficava o bairro judaico, em frente ao Monumento dos Heróis do Gueto, da renomada escultora N. Rappaport. Era exatamente nessa área que se localizava o Gueto de Varsóvia e é onde será construído, nos próximos anos, o Museu da História dos Judeus Poloneses que, como o nome diz, será dedicado à história da comunidade judaica no país. Para o diretor do projeto, Jerzy Halbersztadt, as novas instalações serão uma espécie de museu virtual, uma mescla de conteúdos e tecnologia interativa.
Segundo estudiosos, este projeto é o passo mais significativo já dado pelas autoridades polonesas, nos últimos dez anos, no processo de reconciliação com o povo judeu. A coordenação geral do museu está a cargo dos professores Israel Gutman, ex-historiador-chefe do Yad Vashem, em Jerusalém, e do professor Felix Tych, diretor do Instituto Histórico Judaico da Polônia. O prédio abrigará 133 exposições permanentes, retratando cerca de mil anos de história.
O arquiteto Frank Gehry – cujos pais vieram de Lodz – responsável pelo design do famoso Museu Guggenheim, em Bilbao, Espanha, aceitou o convite para projetar o Museu de Varsóvia. O acervo incluirá objetos de várias épocas, e até partes de jornais distribuídos no gueto, em 1942, quando os judeus estavam sendo deportados em massa para o campo da morte de Treblinka. Haverá, também, exposições sobre as diferentes fases da vida judaica no país.
O primeiro-ministro polonês, Leszek Miller, também se pronunciou, recentemente, sobre a integração da comunidade judaica em seu país, no passado. Ressaltou que, durante a Idade Média, quando os judeus da Europa eram expulsos da Inglaterra e da França, os governantes da Polônia, Henrique, o Piedoso, e Casimiro, o Grande, garantiam aos judeus os seus privilégios e a sua segurança, além de prover-lhes autonomia na administração de sua vida. “Foram estas circunstâncias que permitiram o desenvolvimento da cultura judaica na Polônia. O desaparecimento do judaísmo polonês foi uma grande perda não apenas para o mundo judaico, mas para a humanidade, como um todo, e contribuiu para o empobrecimento da própria Polônia. Nós temos a obrigação de restaurar a memória dos judeus poloneses e transmiti-la às futuras gerações”, afirmou o primeiro-ministro.

Thiago Cohen no Aliterações, metáforas e oxímoros
publicado por MJ às 19:36
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Quinta-feira, 28 de Junho de 2007

Unesco muda a designação de Auschwitz

A pedido da Polónia que não quer que as futuras gerações pensem que este país teve algo a ver com o extermínio dos judeus praticado por Adolf Hitler, a UNESCO mudou o nome de «Campo de Concentração de Auschwitz» para «Auschwitz-Birkenau. Campo de Concentração e de Extermínio Nazi-Alemão (1940-1945)».
publicado por MJ às 10:29
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Segunda-feira, 18 de Junho de 2007

Campo de Concentracão de Auschwitz-Birkenau 2001

Na Primavera de 2001 Paulo Frank visitou o campo de extermínio de Auschwitz. São os apontamentos e as memórias desse local que agora aqui partilha connosco:
Libertos mas desorientados, perguntaram: "Para onde iremos?" E a resposta seca do soldado foi: "Olhem para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste: em qualquer lugar não quererão vocês!" Então, esqueléticos mas com uma chama viva em seu olhar, contemplam uma colina onde uma multidão de sobreviventes na mesma situacão canta: "Yerushalayin Shel Zahav Ve-Shel NechoshetVe-Shel Or", que quer dizer "Jerusalém de ouro, de luz e de bronze, sou o violino para todas as tuas cancões". Sim, em Jerusalém eles seriam estabelecidos, cumprindo-se profecias milenares. E assim eu assistia emocionado as últimas cenas do filme "A Lista de Schindler", de Steven Spilberg, que conquistou 8 Oscars na Academia de cinema, tornando-se o mais famoso de todos os filmes do tema Holocausto, a respeito do qual tantos livros lera.
Vivendo na Finlândia desde 1999, quando planejei minhas férias, incluí uma visita à Polônia, precisamente ao campo de concentracão de Auschwitz-Birkenau, chamado de o maior cemitério do mundo e memorial do martírio de judeus, poloneses políticos, ciganos e outras minorias perseguidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Antes de ingressarmos no local, assiste-se a um documentário de 20min. que mostra as atrocidades cometidas pelos nazistas, e muito do que vimos projetado veríamos ao vivo momentos depois. A duracão da turnê é de 3 horas e, surpreendenetemente, há milhares de pessoas visitando o campo diariamente - inclusive grupos de Israel e mesmo da Alemanha, o país que mais colabora para a manutencão do lugar, que foi estrategicamente escolhido pelos nazistas uma vez que se situa no centro da Europa, quase a mesma distância a ser percorrida pelos trens que faziam a deportacão de diversos países.

Logo à entrada do campo de Auschwitz depara o visitante com a irônica inscricão em ferro: "Arbeit macht frei" (O trabalho liberta) e visitando os diversos prédios de dois andares pode-se ver, através de gigantescas vitrinas, exposicões de malas portando ainda os nomes de seus donos, de roupas, de sapatos (uma somente de sapatos de crianca), de óculos, de escovas, de cabelos (há uma amostra do tecido feito de cabelos) e, além de outras ainda, a dos chales de oracão de judeus, o que me emocionou e fez-me pegar a máquina fotográfica.

A visita continuava ao campo de Birkenau, a 5km dali, cuja estrada de ferro - com seus trilhos originais - atravessa um prédio com sua torre de vigia (foto), lugar conhecido de filmes e documentários. A perderem-se de vista, a partir dali, barracões de madeira e de alvenaria com suas respectivas guaritas e cercas antes eletrificadas. Visitamos diversos e vimos as camas onde se amontoavam os prisioneiros. Muitos prédios foram preservados em ruínas, com opropósito de mostrar que foram destruídos de forma proposital antes da chegada dos russos e dos americanos para liberarem o campo.

Em dado momento fiquei para trás do meu grupo. Estava no "lugar de selecão" junto aos trilhos (foto), devidamente ilustrado com ampliacões de antigas fotos, as quais se vê em muitos lugares. Logo ao desembarcarem, um médico nazista examinava superficialmente a pessoa e seu dedo polegar para cima ou para baixo determinava o seu destino: os trabalhos forcados ou imediatamente para as câmaras de gás... E assim milhões de homens, mulheres e criancas foram direto para as câmaras de gas, julgando que eram conduzidas a um"banho desinfetante".

Vimos réplicas das câmaras e também dos fornos crematórios, uma vez que os originais foram cuidadosamente destruídos para remover as evidências das atrocidades perpetradas pelos nazistas. Em volta dos prédios das câmaras de gás, para efeito de propaganda, havia um belo jardim florido. Vimos no mesmo local ruínas da casa do diretor do campo, e o local onde seus filhos brincavam como se nada estivesse acontecendo, retratados fielmente no filme de Steven Spilberg.Finalizando a turnê, nosso guia nos conduziu a um grande monumento em memória dos mortos, no fundo do campo, mencionando que caminhávamos sobre as cinzas de milhões de pessoas. No monumento, inscricões nos principais idiomas dos prisioneiros. Fiquei feliz por não encontrar nenhuma inscricão em português ou mesmo em finlandês! Segundo contava o meu saudoso sogro, o presidente da Finlândia, tendo como pretexto Obadias, vs. 11 a 14, não entregou os seus judeus aos nazistas.

Deixando o significativo e sinistro local, andei sozinho de volta à entrada do campo naquela tarde ensolarada na qual soprava um leve vento de primavera. Ao longo da caminhada, o texto bíblico de Isaías 53, que se refere ao sofrimento e morte do Messias, Jesus, como nunca sentia aplicacão à morte do povo judeu naquele e em outros campos de concentracão: ... desprezado... o mais rejeitado... de dores... oprimido... traspassado... moído... pisado... humilhado... como cordeiro levado ao matadouro... como ovelha muda perante seus tosquiadores (no caso, seus algozes) não abriu a sua boca (segundo sobreviventes, muitos morriam calados). Mais tarde, comentando com um estudioso da Bíblia o facto de o livro de Isaías ter-me vindo estranha e tão fortemente à lembranca em Birkenau, falou-me que o texto que pela primeira vez eu associava também ao extermínio dos judeus de fato tem sido aplicado ao holocausto, o que eu desconhecia até então.E estranhei também o sentimento de paz que me inundou naquela visita, paz provinda da fé de que o Messias certamente Se revelou àquelas pessoas antes de sua morte e as recolheu para Si. Foi uma experiência e tanto, somada a tantas outras, como à visita ao Museu Anne Frank em Amsterdam, à dramatizacão que fizemos do seu Diário, tendo sido assistida por um sobrevivente de Auschwitz, e a tantos livros, reportagens, depoimentos e filmes acerca do Holocausto. Algo de que não me esqueco é a declaracão de um rabino na TV: "A maior vinganca contra Hitler é o facto de judeus viverem actualmente na Alemanha e terem suas sinagogas, museus, associacões e monumentos. De facto, impressionei-me ao visitar Berlim ao ver uma grande placa à porta de uma estacão de metrô onde eram enumerados os diversos campos de concentracão nazistas e os dizeres "Não esquecamos".

Por certo o que de mais recente li sobre o Holocausto seja isto: Pelas cidades de toda a Alemanha, pequenas placas metálicas estão sendo implantadas nas calçadas diante de determinadas casas. Um artista alemão criou-as e chamou-as "pedras de tropeço". Em cada uma delas há a inscricão do nome dos antigos proprietários da casa confiscada pelos nazistas, as datas de nascimento e também as datas e locais onde morreram. Gunter Deming, o criador dessas placas, declarou: "Podemos abrir um livro e ler a respeito dos seis milhões de judeus exterminados, juntamente com cinco milhões de outras pessoas, mas mesmo assim talvez não possamos chegar à profundidade do que ocorreu. Mas se, ao ver a placa, nos lembramos de que um homem ou uma mulher - ou mesmo uma família - que viveram naquela casa específica morreram no Holocausto, é muito diferente!" "A pena de Anne Frank foi mais poderosa do que a espada de Hitler", alguém sabiamente escreveu. Outro declarou: "Os judeus foram exterminados por um homem que, por querer se adorado como deus, odiava principalmente o povo de Deus."E, finalizando, recomendo a leitura do livro "Exodus", de Leon Uris, o qual li há precisamente 40 anos, perdurando o meu grande amor pelo povo judeu desde aquele longínquo ano de 1966.
publicado por MJ às 22:08
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Terça-feira, 5 de Junho de 2007

Depois de Anne Franck, Rutka Laskier

Uma polaca que estava na posse do diário de uma jovem judia polaca assassinada em Auschwitz em 1943, acaba de oferecer o manuscrito ao memorial Yad Vashem, em Jerusalém. O diário de Rutka Laskier, na altura com 14 anos, foi encontrado dentro de uma lata. Segundo o porta-voz do Yad Vashem, Rutka Laskier foi imediatamente assassinada após a sua chegada ao campo de extermino de Auschwitz. O diário foi publicado em polaco este ano e já está traduzido em hebraico e inglês.
publicado por MJ às 19:12
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Domingo, 27 de Maio de 2007

Visita virtual a Auschwitz/Birkenau

A Virtual Tour of Auschwitz/Birkenau
publicado por MJ às 23:26
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Domingo, 20 de Maio de 2007

Auschwitz projekt Film2000

Apelamos aos leitores deste blogue que tenham visitado os campos de extermínio nazis para que nos façam chegar o seu testemunho e/ou imagens que tenham recolhido no local.

publicado por MJ às 23:02
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Sexta-feira, 4 de Maio de 2007

IAF - Eagles over Auschwitz



Encontrei no blogue Galiza-Israel um vídeo, realizado em 4 de Setembro de 2003, com uma cerimónia profundamente emotiva e plena de significado simbólico: aviões da Força Aérea israelita sobrevoam o campo de extermínio de Auschwitz. No mesmo blogue coloca-se a questão: Porque é que os Aliados, sabendo da existência dos campos de extermínio, não bombardearam as vias de acesso?
publicado por MJ às 10:21
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Terça-feira, 1 de Maio de 2007

Auschwitz

publicado por MJ às 20:18
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Segunda-feira, 9 de Abril de 2007

Contai aos vossos filhos…

(Enviado por Kiki Anahory Garin e publicado, em 27.Jan.07, em KAnahory)

Não pretendo “bombardear-vos” com post sobre os Judeus, mas não podia deixar passar o dia de hoje sem lhe fazer uma pequena referência.
Hoje, dia 27 de Janeiro, celebra-se o dia da Jornada Nacional da Memória pelas Vítimas do Nazismo. A 27 de Janeiro de 1945, foi libertado o Campo de Extermínio de Auschwitz, onde morreram cerca de 1,5 milhões de pessoas, das quais 90% eram Judeus.
Passados que são 62 anos, Auschwitz tornou-se o símbolo do terror, do genocídio e do Holocausto…
Jamais poderemos esquecer todos os horrores do Holocausto. Sobretudo, quando nos dias de hoje ainda há muitos que negam a sua existência, como por exemplo, o Presidente de Irão Mahmoud Ahmadinejad e, em que a existência do Estado de Israel é sistematicamente ameaçada.
Como seres humanos que somos temos a obrigação de não esquecer e de não deixar que as gerações futuras esqueçam.
Temos a obrigação de tudo fazer para que NUNCA MAIS, em parte alguma, povo algum tenha que passar por um outro “Auschwitz”!!!
Termino este post, da mesma forma que já terminei um outro sobre o Holocausto, com uma citação da Bíblia:

Ouvi, anciãos, e prestai atenção!
Vós todos, que habitais a Terra.
Foi no vosso tempo que isto se passou,
Ou no tempo dos vossos pais?
Contai aos vossos filhos,
E que eles o contem aos filhos deles,
E os filhos destes à geração seguinte
.

Shalom
Kiki Anahory Garin
publicado por MJ às 21:05
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