Sexta-feira, 13 de Julho de 2007

Os massacres dos Judeus na Ucrânia ou a Shoah através das balas

Ainda se pode aprender algo sobre a Shoah ? Provavelmente, alguns responderão pela negativa. No entanto, na altura em que ainda se discute o número de vítimas, e até o próprio acontecimento, a iniciativa da associação Yahad – In Unum para localizar as valas comuns onde jazem centenas de milhar de judeus, homens, mulheres e crianças fuzilados pelos nazis de aldeia em aldeia na Europa oriental (cerca de um milhão e meio na Ucrânia) fornece-nos abundantes e preciosas informações. Falamos de factos concretos, de provas tangíveis e de testemunhos vivos, tanto mais úteis por esclarecerem uma parte da história que os anos do comunismo soviético deixaram na sombra.
Enquanto as pesquisas e as entrevistas prosseguem no terreno, a exposição organizada pelo Mémorial de la Shoah explica a origem e o objectivo e coloca os factos no seu contexto histórico. Através dos documentos da época, os testemunhos perturbadores e concordantes que passam nos ecrãs de vídeo, a apresentação das armas e dos objectos encontrados no local, as imagens da peritagem arqueológica das quinze fossas, terminada em Agosto de 2006 na região de Lvov, o visitante descobre os meios colocados à disposição para realizar as execuções, e depois para dissimular os traços, com a cumplicidade forçada dos habitantes locais. Assim descobrimos não só o crime, mas o negacionismo nazi.
O dever de memória, como sabemos, não se impõe só aos historiadores. Não estamos unicamente perante uma homenagem póstuma às vítimas finalmente (re)conhecidas, nem uma possível ferramenta de dissuasão para o futuro: é também uma maneira de cada uma das testemunhas se libertar (mesmo depois de tantos anos) de um pesado segredo e talvez para cada um recuperar uma certa dignidade. E alguma fé no homem.

Se passar por Paris até 30 de Novembro 2007 não deixe de visitar o Mémorial de la Shoah, 17 rue Geoffroy Lasnier - 75004 PARIS
Entrada livre
publicado por MJ às 22:42
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Sábado, 30 de Junho de 2007

O Yad Vashem da Polónia

Foi demarcada em Varsóvia, na Polônia, uma área de 13 mil metros quadrados, no local em que antes da II Guerra Mundial ficava o bairro judaico, em frente ao Monumento dos Heróis do Gueto, da renomada escultora N. Rappaport. Era exatamente nessa área que se localizava o Gueto de Varsóvia e é onde será construído, nos próximos anos, o Museu da História dos Judeus Poloneses que, como o nome diz, será dedicado à história da comunidade judaica no país. Para o diretor do projeto, Jerzy Halbersztadt, as novas instalações serão uma espécie de museu virtual, uma mescla de conteúdos e tecnologia interativa.
Segundo estudiosos, este projeto é o passo mais significativo já dado pelas autoridades polonesas, nos últimos dez anos, no processo de reconciliação com o povo judeu. A coordenação geral do museu está a cargo dos professores Israel Gutman, ex-historiador-chefe do Yad Vashem, em Jerusalém, e do professor Felix Tych, diretor do Instituto Histórico Judaico da Polônia. O prédio abrigará 133 exposições permanentes, retratando cerca de mil anos de história.
O arquiteto Frank Gehry – cujos pais vieram de Lodz – responsável pelo design do famoso Museu Guggenheim, em Bilbao, Espanha, aceitou o convite para projetar o Museu de Varsóvia. O acervo incluirá objetos de várias épocas, e até partes de jornais distribuídos no gueto, em 1942, quando os judeus estavam sendo deportados em massa para o campo da morte de Treblinka. Haverá, também, exposições sobre as diferentes fases da vida judaica no país.
O primeiro-ministro polonês, Leszek Miller, também se pronunciou, recentemente, sobre a integração da comunidade judaica em seu país, no passado. Ressaltou que, durante a Idade Média, quando os judeus da Europa eram expulsos da Inglaterra e da França, os governantes da Polônia, Henrique, o Piedoso, e Casimiro, o Grande, garantiam aos judeus os seus privilégios e a sua segurança, além de prover-lhes autonomia na administração de sua vida. “Foram estas circunstâncias que permitiram o desenvolvimento da cultura judaica na Polônia. O desaparecimento do judaísmo polonês foi uma grande perda não apenas para o mundo judaico, mas para a humanidade, como um todo, e contribuiu para o empobrecimento da própria Polônia. Nós temos a obrigação de restaurar a memória dos judeus poloneses e transmiti-la às futuras gerações”, afirmou o primeiro-ministro.

Thiago Cohen no Aliterações, metáforas e oxímoros
publicado por MJ às 19:36
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Quinta-feira, 28 de Junho de 2007

Muzeum Historii Żydów Polskich

O Museu da História dos Judeus Polacos inagurou hoje a versão inglesa do seu website.
Das galerias com as exposições permanentes deste futuro museu destacamos «O Holocausto dos Judeus Polacos 1939-1944» onde constará vária documentação, relacionada com os guetos de Varsóvia e Łódź e de outras cidades polacas e utilizada para mostrar a vida e morte de milhões de judeus polacos e europeus, antes e durante as acções de extermínio em massa. Nesta galeria estão presentes objectos que representam essa época mas não os horríveis eventos. Ali é proposto uma mostra das situações extremas e dos trágicos momentos que afectaram vítimas e testemunhas dos dois lados do muro.
publicado por MJ às 20:30
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Quarta-feira, 27 de Junho de 2007

Museu Judaico do Rio de Janeiro

Situado na Rua do México, 90 - 1º, no Rio de Janeiro, este museu possui um acervo documental constituído por mais de 300 obras sobre o Holocausto, depoimentos de sobreviventes, roupas e objectos como se pode comprovar pela consulta do seu site.
publicado por MJ às 21:52
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Quinta-feira, 31 de Maio de 2007

Exposição lembra prostituição forçada em campos de concentração nazis

Nazis mantinham bordéis em campos de concentração para aumentar a produtividade dos prisioneiros submetidos a trabalhos forçados durante a Segunda Guerra Mundial.
"Prostituição forçada nos campos de concentração nazis" é o nome de uma exposição aberta ao público, desde 14 de Janeiro até 30 de Setembro, em Ravensbrück, cerca de 100 km ao norte de Berlim.
Segundo a Fundação dos Memoriais dos Estado de Brandemburgo, a mostra trata de um "fenómemo pouco conhecido" do regime de Adolf Hitler. Cerca de 400 prisioneiras teriam sido usadas entre 1942 e 1945 pelos SS para "satisfazer" os desejos sexuais de presos em dez campos de concentração.
Os nazis haviam montado todo um sistema de logística e contabilidade em torno dos bordéis. Uma "visita" custava dois Reichmark. Para ter acesso aos bordéis, os prisioneiros precisavam de vales, que podiam ser adquiridos através de trabalhos forçados.
Segundo a diretora do Memorial de Ravensbrück, Insa Eschenbach, a intenção dos nazis era aumentar a produtividade dos prisioneiros. "A SS era da opinião de que a institucionalização dos bordéis como parte de um sistema de prémios seria um incentivo para os prisioneiros homens mostrarem ainda mais empenho no trabalho forçado", explicou.

"Calar foi estratégia de sobrevivência"
Além disso, a SS supunha que assim conseguiria inibir o homossexualismo entre os prisioneiros. A mostra em Ravensbrück abrange 200 peças, entre elas documentos, desenhos, livros, documentários e entrevistas com sobreviventes do Holocausto.
"Praticamente, nenhuma das mulheres vítimas das graves violações físicas e morais mencionou seu trabalho nos bordéis depois de 1945. Envergonhadas, muitas delas nem sequer pediram indemnização pelo tempo em que permaneceram presas", disse Katja Jedermann, directora da exposição organizada pela Universidade das Artes de Berlim.
Segundo Jedermann, a mostra não chama atenção por peças isoladas. "É preciso visitá-la com bastante tempo, até para compreender as lacunas que ainda existem na pesquisa sobre o assunto. Isso não se deve só ao facto de se tratar de um tabú. Para as vítimas da prostituição forçada, calar também foi uma estratégia de sobrevivência", disse.
Cerca de 132 mil mulheres e crianças, 20 mil homens e mil meninas adolescentes estiveram presos em Ravensbrück e no campo de concentração para jovens de Uckermark entre 1939 e 1945.
publicado por MJ às 22:37
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Quarta-feira, 23 de Maio de 2007

Aristides de Sousa Mendes

Quando há alguns dias falei do caso Eduardo “Lalo” Martínez Alonso lamentei não haver um projecto cinematográfico ligado à vida e obra de Aristides Sousa Mendes. Afinal havia e o blogue Amigos de Aristides e Angelina Sousa Mendes já tinha dado a informação há 3 dias:

Instituto do Cinema apoia filme sobre Sousa Mendes

e também

Memorial a Sousa Mendes em Almeida vai marcar o caminho da esperança
publicado por MJ às 18:57
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Quarta-feira, 18 de Abril de 2007

Memorial do Holocausto de Berlim

Construção de um não-lugar
Após 17 anos de críticas, debates, escândalos e concessões em 2005 foi inaugurado o Memorial do Holocausto de Berlim. O resultado é um lugar construído, quase um não-lugar, uma lembrança dedicada aos judeus assassinados e não um registro das barbaridades em si.
Em 90 mil metros quadrados, 2711 colunas. A cor, o cinza escuro. A referência automática, um cemitério, mesmo que esta associação seja recusada por Peter Eisenman. "A simplicidade é talvez o que provoca", assinala o arquitecto.

Personificação do horror
No subterrâneo, ao qual se acede através de uma escada que se encontra quase "de repente", está instalado o Centro de Informações. Nenhuma placa, nenhuma indicação. Na entrada, seis rostos, com os nomes e origem, personificam de forma directa a morte dos seis milhões de judeus. As cores: preto, branco e cinza. São quatro espaços quadrados.
"É um grito silencioso no espaço climatizado. As imagens são relativamente pequenas, há poucos registros das montanhas de cadáveres, quase nada do horror das câmaras de gás, dos tiros, dos espancamentos, enforcamentos, torturas até a morte. À abstracção do Memorial corresponde uma certa decência da documentação", observa o diário Der Tagesspiegel.
Um banco de dados dispõe cerca de 700 biografias, uma amostra do total de seis milhões de vítimas da Shoah. A partir do momento em que estes indivíduos, com seus nomes e dados biográficos – idade, profissão, estado civil e condições em que morreram – são extraídos do todo, o visitante vê-se confrontado com histórias individuais, pessoais.

Dimensões da memória
Para o visitante que circula entre as colunas e depois desce "aos porões", a existência do Memorial provoca, como descreve o diário Der Tagesspiegel, "uma pequena viagem: do nós até o eu. Visto de fora, o Memorial é dominado pela massa pura, por suas dimensões, pela amplitude do campo de colunas em cinza escuro. Neste momento, a percepção tende a ser colectiva, abstracta, geral – não importa se gostando ou não da arquitectura de Eisenman. Dentro, o indivíduo entra em contacto com as lembranças individuais".
O filósofo italiano Giorgio Agamben, em texto publicado sobre o Memorial no semanário Die Zeit, vê o mérito da obra de Eisenman exactamente "no limiar entre as duas dimensões topográficas: uma sobre o solo, exposta, mas na qual nada se lê. E outra subterrânea, onde se tem acesso à leitura".
Estetização da História
Bildunterschrift: Outra preocupação dos críticos avessos à existência do Memorial é o medo de que os cenários originais dos horrores do Holocausto fiquem esquecidos, quase "às moscas", como denunciam alguns. E isso sem esquecer que muitos deles ficam às portas de Berlim, como Sachsenhausen. "Não seria apenas lamentável, mas escandaloso, se os outros pequenos memoriais que existem nos cenários originais, a longo prazo, viessem a pagar o preço pela construção do Memorial em Berlim", observou Paul Spiegel, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha.
Outras questões vêm inevitavelmente à tona: Será o Memorial uma forma de representar publicamente a culpa, como forma de selar o passado de "normal"? Trata-se de expor a História, para dela se livrar? "As lembranças dos sobreviventes do nazismo desaparecem. A lembrança imediata do vivido é mediatizada. A História transforma-se em imagem. Com o Memorial do Holocausto os cenários originais e os campos de concentração perdem em interesse. O espaço urbano encenado passa a ocupar, para muitos, o lugar dos cenários originais. A História é estetizada", conclui o diário taz.



Memorial do Holocausto
Situado nas proximidades da Porta de Brandemburgo, Potsdamer Platz e do Reichstag.
publicado por MJ às 00:20
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Terça-feira, 10 de Abril de 2007

Memorial da Shoah em Paris

Muro com os nomes dos judeus deportados da França para os campos de concentração nazis

Espaço em memória das vítimas do Holocausto em Paris quer sensibilizar as novas gerações para a perseguição e extermínio dos judeus da Europa durante a Segunda Guerra.

O Memorial do Mártir Judeu Desconhecido e o Centro de Documentação Judaica Contemporânea (CDJC) criaram o Memorial da Shoah, inaugurado em Janeiro de 2005, no bairro histórico de Marais, em Paris. A ideia do projecto é "multiplicar as iniciativas de sensibilização dentro de um difícil contexto nacional e internacional".

Documentação do Holocausto
O histórico do memorial revela a importância do novo espaço de reflexão sobre a Shoah, em França. Foi em Abril de 1943, três anos após a invasão da França pelos alemães, que Isaac Schneersohn reuniu em Grenoble 40 representantes da comunidade judaica, para criar um centro que começasse a reunir provas da perseguição nazi, a fim de se poder exigir justiça após o término da guerra.
Cinco meses depois, o CDJC teve que interromper suas actividades perante a crescente pressão nazi. Os seus fundadores passaram a actuar conjuntamente com a Resistência Francesa. Durante os combates pela libertação da França, Schneersohn e o seu grupo conseguiram manter em Paris os importantes arquivos do regime de Vichy e da ocupação nazi, como os da embaixada da Alemanha na capital francesa, do Estado-Maior, da Delegação-Geral do governo de Vichy e sobretudo grande parte da documentação do serviço anti-judaico da Gestapo.
Provas para Nuremberga e contra Barbie
Após o fim da guerra, o Centro organizou os seus arquivos e começou a divulgar dados sobre o Holocausto através de uma editora própria e da primeira revista sobre a Shoah, Le Monde Juif (O Mundo Judeu), antecessora da Revue d'histoire de la Shoah (Revista da História da Shoah).
Fundamental também foi o papel do CDJC durante o processo de Nuremberga. Com base nos seus arquivos, os juristas conseguiram reconstruir a participação de diversos responsáveis e cúmplices da solução final na Alemanha, na França e em Israel. Durante a década de 80, o CDJC forneceu à Justiça francesa um documento que viabilizou a acusação de Klaus Barbie, chefe da Gestapo em Lyon, por crime contra a humanidade.

Consciencialização das novas gerações
Em 1956 foi inaugurado um espaço em memória às vítimas da Shoah, o Memorial do Mártir Judeu Desconhecido, concebido pelo CDJC seis anos antes e construído num terreno doado pela prefeitura de Paris. Foi ali que o CDJC se instalou, gerindo um espaço duplo de pesquisa e memória com a iniciativa prioritária de sensibilizar as crianças e jovens para a história do extermínio dos judeus na Europa. Foi sobretudo esta meta pedagógica que levou ambas as instituições a planear, em 1997, a sua fusão no Memorial da Shoah.
O Memorial, que abriu as suas portas exactamente 60 anos após a libertação de Auschwitz, inclui uma exposição permanente sobre a Shoah e o destino dos judeus na França e na Europa durante a Segunda Guerra, além de auditório, espaço para exposições temporárias e eventos educacionais, livraria, centro de documentação, espaço multimédia e salas de leitura.

Rosette Klajman aponta o nome de sua mãe, Micha, gravado no Muro dos Nomes, no Memorial da Shoah

A cripta do Memorial é um lugar de recolhimento em memória das vítimas de Auschwitz e do gueto de Varsóvia. Com o Muro dos Nomes, presta-se homenagem individual a todos os judeus deportados da França. O Memorial da Shoah situa-se num local simbólico, o bairro de Marais, onde a comunidade judaica parisiense – ali instalada há nove séculos – desenvolveu o comércio e o artesanato, acolheu os refugiados dos primeiros pogroms no Leste Europeu e foi em grande parte deportada para os campos de concentração nazis, de onde poucos retornaram.


Mémorial de la Shoah
17, rue Geoffroy-l'Asnier - 75004 Paris - France
Téléph.: 01 42 77 44 72 -
de l'étranger: 0033 1 42 77 44 72
Fax: 01 53 01 17 44 - de l'étranger: 0033 1 53 01 17 44
e-mail: contact@memorialdelashoah.org
site web: www.memorialdelashoah.fr
publicado por MJ às 01:00
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